Achados e
Perdidos
A
revista Scientific American
(Cientista Americano) ano 1, número 1, sendo depois de 157 anos (primeira
americana de 1845) em português no Brasil, página 20, artigo Loucuras do Mercado, diz que “cerca de
US$ 6 trilhões em valores de cotações desapareceram entre o estouro da bolha da
NASDAQ, em abril de 2000, e sua recente estabilização (...)”.
Essa
coisa parece uma daquelas seções denominadas Achados e Perdidos (o que, aliás,
é esquisito – deveria chamar-se Perdidos e Achados, porque o primeiro
logicamente vem antes). Seis trilhões NÃO SOMEM assim, mudam de mãos. Primeiro,
sob condições de continuidade da produção, sem recessão, apenas há
transferência. Os estudiosos, os pesquisadores em geral se recusam a mostrar
como esse dinheiro MUDOU DE MÃOS, ainda continua circulando no mundo, mormente
nos EUA – alguém perdeu e alguém ganhou, alguém perdeu e alguém achou.
Bandidagem do mais alto calibre fez conversão numérica e as poupanças de
milhões foram engordar algumas contas.
Segundo,
mesmo se houvesse recessão, nominalmente há perda porque ninguém quer pagar 800
mil dólares numa casa, pagariam apenas 100 mil, digamos. Nestas condições houve
uma multiplicação monetária, a moeda sofreu deflação, aplicou-se lhe socioeconomicamente
um multiplicador, quer ele seja linear, de todos e cada um, ou seletivo, mais
de alguns que de outros, sendo neste caso o mecanismo inverso da inflação.
Ainda assim os preços reais continuariam os mesmos, sendo retomados em outras
bases quando do crescimento. Um hangar de aviões não perde valor sensível,
real, com deflações, nem é realmente valorizado com inflações. Só o valor
venal, de venda, muda.
Então,
de todo modo, os seis trilhões continuam por aí, nos bolsos de uns em vez de
nos de outros, circulando em paraísos fiscais, ou dentro ou fora dos EUA na
economia não protegida por sigilo asqueroso, internato dos meliantes.
Estarrecedor não é só ter acontecido – é, muito mais, que ninguém investigue a
fundo.
Vitória,
quarta-feira, 08 de janeiro de 2003.
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