A Semaninha de 22
A Semana da Arte Moderna aconteceu no
Teatro Municipal e São Paulo de 11 a 18 de fevereiro de 1922 e reuniu nomes
agora famosos e destacados, como Anita Malfatti, o suíço John Graz, os pintores
Emiliano Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro, e vários outros. Muitos
poetas e escritores aderiram depois aos princípios de desconstrução do
academicismo europeu anterior. No entanto o que fizeram foi re-europeizar o
Brasil, apenas transpondo o fosso de 50 anos de desatualização em todos os campos.
Não foi nada de
grandioso, mesmo. Superlouvaram porque o Brasil nunca foi capaz de nada
realmente imponente, estamos sempre fazendo pequeninas coisas a que ninguém
presta atenção, diferentemente dos japoneses com a Restauração Meiji em 1868,
ou a recuperação pós-guerra, a partir da destruição quase total em 1945. Ou o
Caminho de Duas Vias dos chineses implantado com a entrada de Deng Xiaoping em
1982. Ou o crescimento da Coréia do Sul. Ou a fantástica mudança mundial promovida
pelos EUA nos últimos 60 anos, ou as conquistas européias, ou tudo que
poderíamos citar.
Enfim, falta tutano
aos brasileiros. E aí pegamos qualquer coisinha e elevamos à condição de mito.
A Semana da Arte Moderna modernizou o quê? Nas tecnartes (DA VISÃO: poesia,
prosa, pintura, desenho, fotografia, dança, moda, etc.; DA AUDIÇÃO: música,
discurso, etc.; DO PALADAR: comida, bebida, pasta, tempero, etc.; DO OLFATO:
perfumaria, etc.; DO TATO: cinema, teatro, urbanismo, paisagismo/jardinagem, decoração,
esculturação, tapeçaria, arquiengenharia, etc.) o que mudou? O que deu grandes
saltos? O que se tornou autônomo, independente da Europa? Nada, ou quase nada.
Não houve um Bauhaus, não houve re-desenho de objetos ou relações, ficamos na
mesma. As cidades não se modificaram, as artes não se alteraram, nem os
conhecimentos (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática) se transformaram.
Grande gritaria
intelectual e artística, assim mesmo restrita ao eixo Rio de Janeiro, São Paulo
e Minas Gerais. Ninguém fora dali percebeu. Perguntem ao povo! Façam enquetes!
Ninguém ouviu falar, exatamente porque não foi importante para o povo, sequer
para as elites. Não interferiu no desenvolvimento, não propulsionou o
crescimento, não fez absolutamente nada.
Vitória, domingo, 05
de janeiro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário