sábado, 21 de janeiro de 2017


A Socioeconomia do Jacaré


 

                            Já contei que por volta de 1985 quisemos criar jacarés no Degredo, os 80 alqueires que tínhamos de areia lá pelos lados da Povoação, distrito de Linhares, ES. O órgão governamental protetor de então foi contra. Se estávamos pretendendo criar não estávamos matando, não é? Não teve apelação.

                            Passados tantos anos vem essa idéia, junto com Alvacy Perim, irmão de minha mãe, de criar jacarés em regime industrial, pois no Pantanal Mato-grossense estão quase como praga. A pele iria para sapatos e bolsas, a carne “para os pobres”, diz ele, as agroindústrias se instalariam aos montes no local, as fazendas sendo preparadas para tal.

                            Acrescento que se deve juntar os ecologistas e os conservacionistas ao projeto, por exemplo, através do Projeto Genoma do Jacaré, ganhando-se algo mais com a coisa. Filhotes podem ser exportados tanto para o Brasil quanto para outras nações. As fazendas podem receber ecoturistas, podem vender carne aos restaurantes elegantes do Sul e Sudeste, ou aos de outras nações. A carne sobrante, numa medida qualquer, pode ir complementar as fontes de proteínas nas escolas das redondezas. Milhares, centenas de milhares podem ser envolvidos.

                            Ou seja, em vez de uma coisa depressiva e proibitiva, para baixo, algo de otimista, franqueado, para cima, com crescimento e desenvolvimento socioeconômico. Em resumo, porque estamos sempre proibindo e não facilitando? Se as vacas e os bois tivessem sido protegidos pelos conservacionistas e ecologistas radicais, teríamos hoje 100 mil delas e deles, em perigo de extinção, sendo necessário criar parques e reservas especiais que custariam dinheiro do contribuinte. Do jeito que foi feito elas e eles são hoje centenas de milhões. É justa a preocupação, mas através do Consórcio do Jacaré podemos tirar dinheiro, digamos um tributo especial de 10 %, a ser capitalizado num Fundo do Jacaré, que ajudará também outras espécies.

                            Vitória, sábado, 04 de janeiro de 2003.

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