A Ortodoxia das
Revoluções
Como é que as
revoluções poderiam ser ortodoxas, se ORTO/DOXIA é a OPINIÃO RETA?
Ah, aí é que está,
só quem não conheça a dialética se surpreenderá. Não é propriamente um círculo,
porque não coincide, nem uma espiral, porque ao subir se abre, mas o
desenvolvimento socioeconômico dá voltas, como se fosse uma onda, só que em
ampliação, em dilatação. Na medida em que oscila para cima e para baixo, para o
positivo e o negativo, aumenta em módulo, de tal modo que é como uma espiral
que vá se abrindo, ficando mais larga quando suba.
Tal como no símbolo
do TAO, a esquerda persegue a direita e vice-versa, de modo que uma está sempre
passando por onde esteve a outra (quando se tornam mais uma vez oposição, mas
oposição da posição que tinham antes, que era a do seu contrário). Isso se
chama na dialética de interpenetração dos contrários, transformação do sim em
não, salto revolucionário: como tese, antítese e síntese, respectivamente.
Então temos ciclos, de heterodoxia que vai se tornar ortodoxia, que vai ver
nascer como nova heterodoxia e assim por diante. PORTANTO se segue que as
posições dos revolucionários, enquanto heterodoxias, são as ortodoxias de muito
para trás. Desse modo as revoluções podem ser AO MESMO TEMPO heterodoxas e ortodoxas.
Heterodoxas pelas opiniões mais recentes, que esposam as de dois patamares
atrás COM MODIFICAÇÕES.
Daí que, se você
quiser saber o que pensam os revolucionários de agora, salte por cima da
ortodoxia presente, que é a heterodoxia da ortodoxia de antes. Aquela ortodoxia
antes da heterodoxia é a heterodoxia de agora. Passe por cima daqueles que os
revolucionários querem derrubar e vá em busca dos que eles, por sua vez,
derrubaram antes. Eles estarão se reapresentando no palco geo-histórico com
vestimentas novas. Não é preciso sondar senão o que é novo; todo o resto estará
expresso na GH. Por exemplo, as opiniões das lideranças operárias devem ser as
mesmas daqueles que foram derrubados pelos burgueses, ou seja, a nobreza que
derrubou os patrícios. Assim: operários, burgueses, nobreza, patrícios.
Vitória,
segunda-feira, 30 de dezembro de 2002.
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