quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


A Ortodoxia das Revoluções

 

                            Como é que as revoluções poderiam ser ortodoxas, se ORTO/DOXIA é a OPINIÃO RETA?

                            Ah, aí é que está, só quem não conheça a dialética se surpreenderá. Não é propriamente um círculo, porque não coincide, nem uma espiral, porque ao subir se abre, mas o desenvolvimento socioeconômico dá voltas, como se fosse uma onda, só que em ampliação, em dilatação. Na medida em que oscila para cima e para baixo, para o positivo e o negativo, aumenta em módulo, de tal modo que é como uma espiral que vá se abrindo, ficando mais larga quando suba.

                            Tal como no símbolo do TAO, a esquerda persegue a direita e vice-versa, de modo que uma está sempre passando por onde esteve a outra (quando se tornam mais uma vez oposição, mas oposição da posição que tinham antes, que era a do seu contrário). Isso se chama na dialética de interpenetração dos contrários, transformação do sim em não, salto revolucionário: como tese, antítese e síntese, respectivamente. Então temos ciclos, de heterodoxia que vai se tornar ortodoxia, que vai ver nascer como nova heterodoxia e assim por diante. PORTANTO se segue que as posições dos revolucionários, enquanto heterodoxias, são as ortodoxias de muito para trás. Desse modo as revoluções podem ser AO MESMO TEMPO heterodoxas e ortodoxas. Heterodoxas pelas opiniões mais recentes, que esposam as de dois patamares atrás COM MODIFICAÇÕES.

                            Daí que, se você quiser saber o que pensam os revolucionários de agora, salte por cima da ortodoxia presente, que é a heterodoxia da ortodoxia de antes. Aquela ortodoxia antes da heterodoxia é a heterodoxia de agora. Passe por cima daqueles que os revolucionários querem derrubar e vá em busca dos que eles, por sua vez, derrubaram antes. Eles estarão se reapresentando no palco geo-histórico com vestimentas novas. Não é preciso sondar senão o que é novo; todo o resto estará expresso na GH. Por exemplo, as opiniões das lideranças operárias devem ser as mesmas daqueles que foram derrubados pelos burgueses, ou seja, a nobreza que derrubou os patrícios. Assim: operários, burgueses, nobreza, patrícios.

                            Vitória, segunda-feira, 30 de dezembro de 2002.

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