A Mulher Perfeita
Surge
diante de um camarada a MULHER PERFEITA, sem nenhum defeito físico, todas as
curvas no lugar: busto, bunda, barriga batida, rosto, joelhos, pés, tudo mesmo.
Ele, obviamente, se apaixona. Descobre que ela tem os órgãos todos perfeitos,
inclusive o útero. Nenhuma doença, nem de longe, dentes brilhantes e certinhos,
sem ter ido nunca ao dentista. Têm filhos perfeitos, lindos, que além de tudo
são inteligentes. E ela não reclama da feiúra dele, nem de seus fracassos. Não
faz cobranças, trabalha muito.
Ela
mesma é inteligentíssima, muito esperta, e nem fala muito. Compreende todos os
conceitos, debate todos os assuntos, faz o marido progredir em suas visões de
mundo. Organiza sempre tudo, está um passo adiante, a casa é assombrosa, motivo
de inveja (que é um sentimento tão horrível, mas que se pode fazer?) permanente
das vizinhas. Os maridos das redondezas a querem também, cantam-na sem qualquer
sucesso, ela é completamente fiel, totalmente dedicada ao marido e aos filhos.
Trabalha fora, ganha bem, é agradabilíssima com os colegas e as colegas, é
motivo de imensa satisfação do chefe.
Vão
passando os anos, quando o marido tenta brigar ela se cala ou vai conduzindo as
coisas até a pacificação completa. Na cama é não apenas perfeita como um
verdadeiro furor de quentura.
Os
anos vão passando e parece que a família está no paraíso, a vida mais perfeita
que pode existir. Mas o marido vai ficando abatido, descontente com tanta
perfeição, de não haver problema algum, o que nos permitira discutir os sonhos
de perfeição que temos. Seriam nossas vidas problemáticas realmente ruins? A
solução de problemas não é condição de avanço? Há aqui um mundo de perguntas e
respostas para um filme piloto e uma série.
Vitória,
quinta-feira, 12 de dezembro de 2002.
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