terça-feira, 3 de janeiro de 2017


A Ilusão dos 100 %

 

                            Veja só a questão do absolutismo, o excesso de absoluto.

                            No modelo já vimos que várias coisas são absolutas: a pobreza, o desconhecimento, o não-poder, a forma. O absolutismo, sobre ser a superafirmação do absoluto, digamos das formas ou figuras ou superfícies, é absurdo, EXCETO PARA UM, Deus, que atinge mesmo o centro, e não é relativo, caminhando pelas verdades relativas até a única Verdade absoluta, que renasce como figuras gerais.

                            Agora, vejamos isso pelo lado dos 100 %.

                            Organizei a partir da margem estatística de erro de 5 % a superesquerda como 2,5 %, a esquerda como 47,5 %, a direita como 47,5 % e a superdireita como 2,5 %, perfazendo os 100 %. Se 97,5 % fossem suprimidos pela superdireita, como pretendem os ultradireitistas, os fascistas, imediatamente os 2,5 % se tornariam outra vez 100 %, de forma que poderíamos calcular em quanto tempo uma população de seis bilhões seria reduzida a perto de zero, ao par fundamental homulher.

                            Na fórmula y = xn os 6.109 bilhões de seres humanos deveriam ser hipoteticamente reduzidos a dois, homem e mulher, daí 2 = 6.109. (1/40) n, pois 2,5 % são 1/40, um quadragésimo de 100 %. O (1/40) n opera contra os 6.109 para reduzi-los a apenas dois. Teríamos n = 5,92, aproximadamente, ou seja, menos de seis períodos. Se o ano fosse escolhido como período, primeiro os fascistas matariam 39/40 de seis bilhões, restando 150 milhões, e assim iriam, até que no sexto ano ficaríamos só com duas criaturas, uma olhando a outra como antifascista.

                            Aquele absolutismo do fim da Idade Média, início da moderna, lá por 1700, dos reis da França e outros, não passava mesmo de patacoada, bazófia, tolice, disparate. NENHUM ser racional, e não apenas meramente humano, pode chegar sequer perto do que é o absoluto, de forma que toda afirmação é orgulho vão.

                            Então, os 100 % não passam de ilusão. A perfeição, como disse Gilberto Gil, é uma meta, é uma merda. Tentar chegar a ela é esgotar recursos. Daí que, seja na arquiengenharia, seja nas tecnartes em geral, para citar, a ourivesaria, produzir obras impecáveis, perfeitas, não passa de afirmação posta no vazio. O melhor é eleger um objetivo percentual, do tipo 95 %, ou o que for, e se contentar em chegar lá.

                            Vitória, terça-feira, 12 de novembro de 2002.

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