terça-feira, 3 de janeiro de 2017


A Experiência dos Robôs

 

                            Os canais Discovery noticiaram uma experiência feita com pequenos robôs que circulavam numa bandeja redonda de bordas altas, dentro das qual estavam pequenos cilindros, que as maquininhas deveriam pegar e levar até outro cilindro igual, depositando-o ao pé do mesmo. Com o tempo, da desordem geral apareceu a ordem, o que provocou maravilhamento dos tecnocientistas.

                            É que, desde o princípio, houve uma petição de princípio, porquanto a colocação de um perto do outro, que era a ordem original, levaria a que, já dois juntos, um fosse considerado aquele perto do qual o terceiro cilindro que estava sendo transportado seria deixado. E assim sucessivamente, de três, até que todos formassem uma coisa bem próxima de um círculo, um aglomerado qualquer PORQUE, desde o início, o programa levava a isso.

                            Se, pelo contrário, o programa dissesse que os cilindros fossem deixados em qualquer lugar, e não perto de outro, e no fim se produzisse ordem, aí sim ficaríamos admiradíssimos, até mesmo apavorados. Não foi isso que aconteceu PORQUE, desde a saída, os autores do programa deram a ordem de COLOCAR JUNTO, o que levava à conclusão.

                            Isso nos diz como experiências mal-feitas em tecnociências podem conduzir a conclusões bem-feitas, que eram as desejadas desde logo, à partida. Aqui devemos pensar somente em como o cérebro trabalha para suprimir os laços intermediários, construindo o final a partir do início por supressão das seqüências que demonstrariam o erro da proposta. O que faz os seres humanos subtraírem de si mesmos a dignidade? Essa é a pergunta apavorante.
                            Vitória, terça-feira, 05 de novembro de 2002.

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