A Base Técnica das
Revoluções
Quando é que se dá
uma revolução?
Olhando assim
através do modelo penso poder dizer que é quando o corpo destoa da mente, por
exemplo, o corpo social da mente social, em cada setor – a revolução é um
divórcio, uma ruptura total e não meramente baderna, com gente saindo às ruas.
Não é somente a substituição de uma classe social por outra, pois existem
outros gêneros de revoluções e devemos prover uma teoria geral delas que
identifique TODAS as práticas conhecidas na geo-história terrestre.
As revoluções são,
inclusive da Psicologia (revoluções psicanalíticas ou de figuras, do vestir, do
calçar, do se alimentar; revoluções psico-sintéticas ou de objetivos, de metas,
de finalidades – para onde vamos?; revoluções econômicas ou de produções;
revoluções sociológicas ou de organizações; revoluções geo-históricas ou de
espaçotempos). Podem se dar nas 6,5 mil profissões. Na Bandeira da Proteção
(lar, armazenamento, saúde, segurança, transportes). Na Economia (revoluções
agropecuárias/extrativistas, revoluções industriais, revoluções comerciais,
revoluções nos serviços e revoluções bancárias). Podem se dar no Conhecimento
(Magia/Arte, Teologia/Religião, filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e
Matemática) geral. Podem se dar em qualquer lugar e instante. Como é que os
termos da Revolução Sociológica, de substituição de uma classe por outra,
satisfariam as condições na Física ou na Astronomia, que são da pontescada
científica? Não satisfazem.
Devemos ter uma
definição simples e abrangente, que tanto valha na administração quanto na
silagem, na construção de aquedutos quanto na costura, que valha mesmo em tudo.
A revolução é um salto, quando há uma tremenda irradiação, a ocupação súbita de
um espaçotempo antes inabitado, onde penetra a NOVA ESPÉCIE (seja biológica, de
conhecimento, de maturidade do agente, etc.). Surgindo uma nova espécie e
havendo um espaço vasto em que ela se lance, ocorre a revolução. Uma nova mente
ou modelo de existência é criado e não havendo competidor nem predador para ela
todo o espaçotempo está naquele patamar pronto para avanço.
Assim, havendo uma
nova base técnica ou científica é criada a sustentação da revolução, tal como
se deu, a seu tempo, com o cabresto, as esporas, a sela (com santantônio) e os
arreios correlativos dela, toda a aparelhagem do cavalo, frente aos que não
tinham. Ou o arco-e-flecha. Ou a Internet. Ou a energia atômica. Ou a
contabilidade, como inventada pelos italianos no fim da Idade Média, ou quando
tenha sido. Se for criada mente nova em corpo velho a nova mente criará um
corpo novo, que é justamente a revolução. Não foi apenas a arruaça em 1789 que
fez a Revolução Francesa, isso é o de menos; foi o fato de que a nova
info-comunicação ou info-controle burguês não cabia nos marcos da nobreza. Os
canais de circulação de IC da nobreza eram impróprios. Assim sendo, mesmo onde
não houve bagunça a revolução se deu. A mente nova quer o futuro e os problemas
do futuro como forma de prover soluções, que serão sempre novas, e o corpo
velho quer o passado, a evolução até onde já se deu. Fatalmente o corpo morre
para dar lugar à nova mente.
Assim será frente a
qualquer paradigma. O paradigma é constituído de soluções passadas, que
continuarão soluções onde o mundo for menor e menos exigente, digamos no
segundo, no terceiro, no quarto mundos. Desse modo as revoluções vêm em
cascata, elas descem degraus, e são revolucionárias as soluções cada vez que
encontram qualquer domínio do corpo velho. Uma revolução teológica que comece
no primeiro mundo só será revolução no quarto mundo passadas gerações – sempre irão
vê-las como novidades. A mente nova revolucionária tem por missão chocar-se com
o segundo, terceiro e quarto corpos, que ainda estão vivendo as revoluções
antigas e caducas, ou nem tanto assim, na medida em que exigências menores
necessitam implicitamente de soluções menores, mais canhestras. Será revolução
no Brasil o que já o foi nos EUA, Europa e Japão há décadas.
Resumindo: cria-se
uma base, não apenas técnica, mas de Conhecimento geral mais vasta do que o
corpo velho pode suportar. Este estrila, geme, mas deve ceder. A mente nova
entra no espaçotempo livre e se espalha como revolução, que é justamente o
anúncio visível da morte do corpo decrépito, antiquado, ancilosado,
inflexibilizado. Isso vale para tudo. Se a costura desenvolve um modo novo de
ver, este fatalmente se chocará com as práticas antigas.
Eis um modo não
apenas de olhar as revoluções do passado, como de olhar o presente em busca de
sinais.
Vitória,
quarta-feira, 08 de janeiro de 2003.
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