Vendo o País
Antigamente (1989,
antes da Internet – era outra era) se desejássemos “ver um país”, devíamos usar
mapas e a mídia (TV, Rádio, Revista, Jornal e Livro), mais as notícias que
pudéssemos obter de pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e
ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo – por seus
representantes).
Demorava.
Às vezes demorava
muito.
Em algumas ocasiões
demorava demais.
Usávamos dicionários
para ver as palavras e enciclopédias para ver as imagens, entre as quais
estariam as dos Atlas (planos) ou globos (esféricos). Nunca ninguém julgou que
Atlas e globos pertenciam à classe das enciclopédias, mas é verdade, pertencem
mesmo.
Demorava e era
exasperante, irritante demais.
Agora existe a
Internet, um oceano de caos e ineficiência, onde perdemos preciosas horas, por
vezes conseguindo quase nada. É muito melhor que antes, porém muito pior que
depois, quando já existir em crescimento exponencial isso que estou propondo -
nem se comparará.
Podemos ver mentalmente
uma circunferência se espraiando de nós, como quando uma pedra cai na água e
produz uma sucessão delas. Primeiro as casas das redondezas, depois os bairros
em volta, a seguir as cidades do entorno, os estados vizinhos, as nações
fronteiriças, os mundos em seqüência. A Internet ainda não está organizada
assim. Aliás, ela está muito mal organizada, se é que está, embora o Google,
portal extraordinário, demore apenas 0,03 segundo para trazer um mundo de
páginas ou sites ou sítios. O Google acessa hoje 4,5 bilhões de sítios, é
fantástico.
Contudo, falta isso
de podermos olhar, de ver o mundo. Como veríamos o Brasil? A Internet (que pedi
fosse BrasilNET e NETES, NET do Espírito Santo) não foi potencializada porque
por preconceito e atraso mental ainda não nos voltamos para ela.
Num raio de 100,
200, 400, 800, 1.600 metros de mim, há o quê? Se eu perguntar nada obterei. Na
realidade nada foi preparado para tal, a Internet não foi usada para que
víssemos os conjuntos (pessoas e ambientes, governos e empresas, políticas e
administrações), ela é um amontoado de retalhos PORQUE isso não induz a
verdadeira democracia, que provém da ordem, não da desordem. Então a Internet,
que é em si mesma um poder verdadeiramente democratizante, libertador, não é
nunca usada para organizar, é um depósito de infinitas gotas d’água, sem
qualquer forma aparente.
A Internet é como
que invisível, não-transparente, ela não é cristalina, translúcida. É um
amontoado inacreditável de dados, de informações que não produzem nenhuma inteligência
nova PORQUE isso libertaria de fato a humanidade.
Assim sendo, nela
não podemos ver o mundo, nem o país, nem o estado, nem o município/cidade, nem
a empresa, nem o grupo, nem a família, nem o indivíduo. Nela se despeja de
tudo, para que nada mesmo faça SENTIDO, nada aponte qualquer coisa de útil e
agradável. É uma miscelânea, um caos, que só será livre enquanto não levar à
organização do povo.
Vitória, domingo, 29
de dezembro de 2002.
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