sábado, 27 de agosto de 2016


A Reforma das Minhas Convicções

 

Na mesa de bar o companheiro chegou, cumprimentou todo mundo um por um, abraçou alguns mais chegados, sentou-se e declarou bombasticamente:

- Gente, estou mudando minhas convicções.

O pessoal se olhou, estranhando muito.

- < Será que virou boiola? >

- < Logo o Dagoberto, que era macho pra caralho, virou folha>

- < Se o Dag bichou, eu também vou fraquejar, Jesus Cristo>

O Ramuel tomou coragem e perguntou na bucha.

- Pôrra, Dagoberto, não vai dizer que você virou veado? Pra mim tudo bem, mas é que logo você?

- Não, gente, não é nada disso. Veja só. Eu não acreditava em morto-vivo, ria pra caramba daqueles palhaços do cinema com os braços e as pernas tortas, balançando e agora, vejam só, com mais de 50 anos, o que nós somos?

O pessoal concordou unanimemente.

- É mesmo, tudo morto-vivo.

- Tem razão, Dag.

- Depois, o seguinte: eu não acreditava em morte após a vida e esses dias morreu o João e nós continuamos vivos, então existe mesmo vida após a morte, né?

- É, de fato.

- Tem razão.

- Eu acreditava, pobre de mim, que os policiais estavam aí para caçar os ladrões e, no entanto, os ladrões como o Lalau, a Georgina, o Jader, o Sarninha, os amiguinhos do Lulambão estão todos soltos.

- Tu é o maioral, Dagoberto.

- Maioral, maioral, trimaioral.

- Isso não existe, Sid.

- Inventei agora, Dagoberto é o trimaioral. Pra classificar ele só isso.

- Pensei que algumas coisas eram impossíveis de acontecer, mas vejam o Lula apoiando a Roseana Sarney, o Collor e outros da mesma laia.

- Tô contigo, Dag, também reformei minhas convicções.

Os carinhas da mesa já tavam aplaudindo o Dagoberto.

- Pôrra, Dagoberto, de onde tu tirou isso?

- Muitos anos pensando.
Serra, domingo, 25 de julho de 2010.

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