terça-feira, 30 de agosto de 2016


O Bonsai de Dona Fátima

 

Dona Fátima e o marido saíram de férias por dois meses para festejar uma grande tirada na vida. Foram ver o mundo, “fazer a Europa” e ficaram lá se esbaldando. Deixaram a Eliane tomando conta de casa, moça muito educada recomendada pela agência. Super de confiança. Foram tranquilos, a Dona Fátima sempre ligava, o marido muito menos, foi uma felicidade só.

De lá emendaram no doutorado dela, o marido foi só acompanhar, o boa vida. Ficaram bem um ano, Dona Fátima sempre ligava, o marido não estava nem aí. Eliane ia semanalmente dar faxina e verificar tudo no prédio chique.

Quatro anos depois quando voltaram Dona Fátima foi conferir tudo, o marido nem ligou.

Dispensou a funcionária contratada e super competente, para ficar tranquila e ver se não tinha sumido nada. Viu as joias, olhou tudo. Por aquele dinheirão que pagava à agência queria o melhor.

Tomou um susto.

Ligou imediatamente para a Eliane. Ela veio.

Dona Fátima (assustadíssima) – Eliana, cadê o bonsai?

Eliana – o que é bonsai?

Dona Fátima – a árvore pequenininha. Não deixei instruções para você regar e chamar o tratador?

Eliana – ah, deixou mesmo, eu reguei.

Dona Fátima – e cadê ela?

Eliane – tá ali, ó.

Dona Fátima (olhando sem ver) – onde, só to vendo aquela árvore!

Eliane – pois é, a senhora veja, eu regava daquele jeito que a senhora falou e ela não crescia, aí peguei umas receitas com um amigo jardineiro e ficou essa árvore bonitona que a senhora tá vendo.
Serra, segunda-feira, 25 de janeiro de 2010.

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