terça-feira, 30 de agosto de 2016


Oscarpeta

 

Premiação do Cão, em que se distribuem os prêmios por melhores esforços no sentido de atrapalhar os seres humanos.

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A luz incide sobre a mesa onde sua alteza está cercada de seus cortesãos, seus bajuladores. O presidente Lulinha está ali prestigiando.

Modestamente sua alteza se levanta, prorrompem os aplausos.

Ele sorri à socapa, satisfeito com a presença de tantos salafrários bajuladores, inclusive muitos juízes, fiscais, deputados, senadores a perder de vista. Duas ou três mesas adiante está Dan e ele, reconhecendo-o, cumprimenta-o inclinando a cabeça levemente, colocando a mão fechada no peito, batendo-a levemente no clássico sinal de amizade (“você mora no meu coração”).

- Bom trabalho Dan, continue assim. Aquilo do Código foi magistral, os Anjos também, tudo de bom.

Dan Castanho agradece.

- Sem esquecer o pessoal encarregado da recuperação de Maria Madalena (aponta, o pessoal se levanta e faz reverência), nem o povo de Judas (idem), excelente trabalho.

E vai citando um por um, todos que tem publicado.

- O golpe de preparar a “tumba de Jesus” 20 anos em Israel foi genial (uma lágrima escorre de seus olhos, lágrima sanguínea que ao cair corrói como ácido o chão). Os gênios exultam com tal elogio direito.

Um diabinho recém chegado exclama, assustado.

- Meu Deus! (Ao que o rabo do Cão chicoteia e decepa a cabeça do imprevidente).

Os demônios do lado saltam.

- Quem trouxe esse idiota?

Vários se afastam de outro e apontam.

- Foi ele!

O indigitado nega.

- Foi não!

- Foi sim.

- Foi não.

Sua Alteza fica todo satisfeito.

- Mas que mentiroso maravilhoso. Coloquem-no como candidato ao Congresso brasileiro.

Há uma pausa para as amenidades e passam o filme de um cara duns 60 anos tentando abrir o celofane de um estojo de DVD, ficando apoplético e caindo duro por cima de cadeiras em casa, ao que prorrompem as risadas na plateia.

- Muito boa, essa, clássica, mas continua boa.

Sucedem-se as apresentações. Papel higiênico que não rasga no picotado. Agora é a vez do “pessoal da fiação”, os gnomos da computação que embaralham os fios dos desktops e vê-se vários casos de gente nervosíssima tentando desembaraçar os fios. Risos, aplausos, urros.

Sua Alteza fala baixo com o presidente Lulinha.

- Aquela do Bush, de ter inventado com os árabes a queda das Torres foi bacana demais. E de passagem bombardeou o Museu de Bagdá onde estavam aquelas coisinhas comprometedoras. Você sabe por que ele não veio?

LULINHA – problemas.

- Tô vendo relativamente pouca gente aqui, dos 200 não tem nem 120.

LULINHA –nem todos são tão leais quanto eu. Vossa Alteza tinha de rever essa política de afrouxamento e liberdade de decisões.

- Pegaram o Obama pra Cristo. Ele já acordou?

LULINHA – Ainda não, está começando a ver a coisa toda, só um ano, ainda está deslumbrado, logo vai ver.

Enquanto isso vão passando na tela os documentários sobre as diabruras dos diabretes na Terra, gente que promete e não entrega, gente que entrega produtos podres, super-taxação do Fisco, casas suntuosas de deputados; geladeiras que soltam o gás, cortadores de unha que quebram no primeiro uso, celulares que queimam a mão do usuário, um inferno...

Serra, domingo, 25 de outubro de 2009.

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