Oscarpeta
Premiação do Cão, em que se distribuem os
prêmios por melhores esforços no sentido de atrapalhar os seres humanos.
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A luz incide sobre a mesa onde sua alteza
está cercada de seus cortesãos, seus bajuladores. O presidente Lulinha está ali
prestigiando.
Modestamente sua alteza se levanta,
prorrompem os aplausos.
Ele sorri à socapa, satisfeito com a presença
de tantos salafrários bajuladores, inclusive muitos juízes, fiscais, deputados,
senadores a perder de vista. Duas ou três mesas adiante está Dan e ele,
reconhecendo-o, cumprimenta-o inclinando a cabeça levemente, colocando a mão
fechada no peito, batendo-a levemente no clássico sinal de amizade (“você mora
no meu coração”).
- Bom trabalho Dan, continue assim. Aquilo do
Código foi magistral, os Anjos também, tudo de bom.
Dan Castanho agradece.
- Sem esquecer o pessoal encarregado da
recuperação de Maria Madalena (aponta, o pessoal se levanta e faz reverência),
nem o povo de Judas (idem), excelente trabalho.
E vai citando um por um, todos que tem
publicado.
- O golpe de preparar a “tumba de Jesus” 20
anos em Israel foi genial (uma lágrima escorre de seus olhos, lágrima sanguínea
que ao cair corrói como ácido o chão). Os gênios exultam com tal elogio
direito.
Um diabinho recém chegado exclama, assustado.
- Meu Deus! (Ao que o rabo do Cão chicoteia e
decepa a cabeça do imprevidente).
Os demônios do lado saltam.
- Quem trouxe esse idiota?
Vários se afastam de outro e apontam.
- Foi ele!
O indigitado nega.
- Foi não!
- Foi sim.
- Foi não.
Sua Alteza fica todo satisfeito.
- Mas que mentiroso maravilhoso. Coloquem-no
como candidato ao Congresso brasileiro.
Há uma pausa para as amenidades e passam o
filme de um cara duns 60 anos tentando abrir o celofane de um estojo de DVD,
ficando apoplético e caindo duro por cima de cadeiras em casa, ao que
prorrompem as risadas na plateia.
- Muito boa, essa, clássica, mas continua
boa.
Sucedem-se as apresentações. Papel higiênico
que não rasga no picotado. Agora é a vez do “pessoal da fiação”, os gnomos da
computação que embaralham os fios dos desktops e vê-se vários casos de gente
nervosíssima tentando desembaraçar os fios. Risos, aplausos, urros.
Sua Alteza fala baixo com o presidente
Lulinha.
- Aquela do Bush, de ter inventado com os
árabes a queda das Torres foi bacana demais. E de passagem bombardeou o Museu
de Bagdá onde estavam aquelas coisinhas comprometedoras. Você sabe por que ele
não veio?
LULINHA – problemas.
- Tô vendo relativamente pouca gente aqui,
dos 200 não tem nem 120.
LULINHA –nem todos são tão leais quanto eu.
Vossa Alteza tinha de rever essa política de afrouxamento e liberdade de
decisões.
- Pegaram o Obama pra Cristo. Ele já acordou?
LULINHA – Ainda não, está começando a ver a
coisa toda, só um ano, ainda está deslumbrado, logo vai ver.
Enquanto isso vão passando na tela os
documentários sobre as diabruras dos diabretes na Terra, gente que promete e não
entrega, gente que entrega produtos podres, super-taxação do Fisco, casas
suntuosas de deputados; geladeiras que soltam o gás, cortadores de unha que
quebram no primeiro uso, celulares que queimam a mão do usuário, um inferno...
Serra, domingo, 25 de outubro de 2009.
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