terça-feira, 30 de agosto de 2016


Rapunzel na Cabeleireira

 

Dona Nair olhou para fora e tomou um susto danado.

- Vixe Maria, Rapunzel tá vindo.

- Onde, dona Nair?

- Lá, minha filha.

Maricreide olhou e viu, estarrecida, Rapunzel vindo em direção ao salão, agora conhecido como Instituto de Beleza.

- Ave, dona Nair, vamos fechar as portas!

- Não dá, minha filha, ela já viu. E como faríamos com as freguesas?

- A gente tranca e pede a compreensão das nossas amigas, diz Mafalda. Olha esperançosamente em direção a elas, que fazem sinal que sim.

- Obrigado, querida, mas não dá, seria mentira. Deixe eu pensar.

Dona Nair está pálida, quase desfalecendo, Mari a ampara, mas Rapunzel vem com todo aquele cabelão e ainda quer fazer chapinha, um horror. Dona Nair se escora na cadeira, duas meninas vão buscar água com açúcar. Rapunzel vem alegre, toda faceira, cantarolando, pulando, trocando as pernas, saltando as lajes.

- Landa, vá buscar meus sais.

Yolanda vai e aproveita para se aprumar ela também.

- Mari, minha filha, sabe aquela semana que você me pediu pra ficar com seu namorado?

- Ai, não, Dona Nair, eu não, peça pra Landa.

- Ela não pode, tem de pegar a filha às cinco.

- Então pede pra Dinah.

- Ela tá com o pai no hospital.

- E a Mafalda?

- Você sabe que a Mafalda mal tá se aguentando nas pernas, tá grávida e vomitando, só sobrou você. Ô minha, filha, faça isso por mim.

Nisso Rapunzel veio se aproximando e deu com a cara na porta, o cabelão imenso amarrado em várias voltas.

- Oi, zentes!

Ela ainda achava engraçado isso de duas ou três décadas passadas, bordão mais que desgastado. Era uma gracinha, a Rapunzel, só que aquele cabelão não ajudava, além de gastar muito em produtos. Tá certo que ela pagava por três, mas mesmo assim, passava horas ocupando as meninas. Ô enjoo.

- Oi, responderam todas, a Rapunzel realmente era muito agradável, não fosse o cabelão, ô miséria.

- Uma semana é pouco, falou a Mari, sabendo que estava por cima da carne seca e explorado a situação, a vil. – Tenho de visitar a família.

- Tá bom, 10 dias, mas não pense que eu vou te dar folga na volta. Não abusa.

- Que isso, Dona Nair?

- Vai viajar, Mari? - perguntou Rapunzel. - Que folga é essa?

- É, por um lado azar e, pelo outro, compensação, né Dona Nair?

Dona Nair, bufando – É sim.

Serra, domingo, 16 de maio de 2010.

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