quarta-feira, 31 de agosto de 2016


Comumbeira II


 

A coisa pegou na Comunidade Macumbeira, o Condomínio Macumbeiro, o prédio feito especialmente para abrigar o pessoal que gosta de macumba, de Umbanda e Quimbanda e suas linhas imbrincadas.

Depois de aparecerem trabalhos nas portas de quase todo mundo (menos os cabeças-raspadas e os de corpo fechado), eles se espalharam pelas matinhas do local, que já tinham sido pensadas com esse propósito, embora não tenham sido exclusivamente usadas para isso; nem muito mesmo se faziam os trabalhos só por lá como constava no projeto original e dos termos dos contratos assinados que, por sinal, ficaram cheios de erros PORQUE teve os engraçadinhos que fizeram pemba pra dar errado e não havia nada que os advogados pudessem fazer. Pensaram em contratar advogados proficientes em passes e vales-transportes (são aqueles que levam você para longe), mas a OAB se meteu e bloqueou, os advogados já faziam outras artes.

Tudo foi longe demais quando além de nos corredores os moradores começaram a fazer trabalhos nas áreas de diversão. No campo de futebol os times nunca conseguiam ganhar: um time estava vencendo de 107 a 2 e no último segundo empatava, o outro fazia 105 gols, ninguém sabe como. No basquete as bolas não entravam e nem adiantava reclamar com o juiz, que se encontrava em pânico, cercado por exus-pinicantes, exus-coceiras, exus-urtigas e exus-cansanção. A área de ginástica tornara-se praticamente inútil, pois as pessoas em vez de perder peso depois de seis horas malhando, GANHAVAM peso. Entrar na piscina nem pensar, já que a pessoa ficava lá embaixo por três ou quatro horas, com a vantagem de não se afogar; só levando livro.

Coisa de doido. E alguns maliciosos atacavam as crianças. Ah, pra quê? Choviam raios e trovões.

Os TVs e as rádios não pegavam nada, só as coisas do plano astral, embora isso fosse bom, porque Stephen King foi morar lá para criar seus livros, mas só deixaram Paulo Coelho entrar por pouco tempo, porisso os livros dele não ficaram muito bons.

Um inferno, mas “inferno do bom”. Era divertido, afinal de contas, todo dia tinha alguém com a perna quebrada ou azedavam as coisas. Muita puína, muito iogurte, muito leite talhado.

Os policiais foram chamados, mas ninguém queria ir, até criarem uma Força Espacial Exupimpa (FEE, mais conhecida como Fé) especialmente treinada na Bahia. Alguns foram fazer pós-graduação no Caribe, no sul dos EUA, até na África, mas na verdade a base baiana é que era boa, a que havia se desenvolvido mais no mundo. A do Rio de Janeiro se degenerara um pouco. 27 policiais foram designados para lá e nunca mais foram vistos, exceto que apareceu um monte de cachorrinhos e gatinhas, por coincidência 27 também, uns labradores bonitos, uns pitbull, um dogue, uns bassês, umas gatinhas, inclusive uma persa de nome Maria Fayed, por acidente o de uma policial (acho que foi homenagem).

Serra, sábado, 03 de março de 2012.

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