Comumbeira
II
A coisa pegou na Comunidade Macumbeira, o Condomínio
Macumbeiro, o prédio feito especialmente para abrigar o pessoal que gosta de
macumba, de Umbanda e Quimbanda e suas linhas imbrincadas.
Depois de aparecerem trabalhos nas portas de
quase todo mundo (menos os cabeças-raspadas e os de corpo fechado), eles se
espalharam pelas matinhas do local, que já tinham sido pensadas com esse
propósito, embora não tenham sido exclusivamente usadas para isso; nem muito
mesmo se faziam os trabalhos só por lá como constava no projeto original e dos
termos dos contratos assinados que, por sinal, ficaram cheios de erros PORQUE
teve os engraçadinhos que fizeram pemba pra dar errado e não havia nada que os
advogados pudessem fazer. Pensaram em contratar advogados proficientes em
passes e vales-transportes (são aqueles que levam você para longe), mas a OAB
se meteu e bloqueou, os advogados já faziam outras artes.
Tudo foi longe demais quando além de nos
corredores os moradores começaram a fazer trabalhos nas áreas de diversão. No
campo de futebol os times nunca conseguiam ganhar: um time estava vencendo de
107 a 2 e no último segundo empatava, o outro fazia 105 gols, ninguém sabe
como. No basquete as bolas não entravam e nem adiantava reclamar com o juiz,
que se encontrava em pânico, cercado por exus-pinicantes, exus-coceiras,
exus-urtigas e exus-cansanção. A área de ginástica tornara-se praticamente
inútil, pois as pessoas em vez de perder peso depois de seis horas malhando, GANHAVAM
peso. Entrar na piscina nem pensar, já que a pessoa ficava lá embaixo por três
ou quatro horas, com a vantagem de não se afogar; só levando livro.
Coisa de doido. E alguns maliciosos atacavam
as crianças. Ah, pra quê? Choviam raios e trovões.
Os TVs e as rádios não pegavam nada, só as coisas
do plano astral, embora isso fosse bom, porque Stephen King foi morar lá para
criar seus livros, mas só deixaram Paulo Coelho entrar por pouco tempo, porisso
os livros dele não ficaram muito bons.
Um inferno, mas “inferno do bom”. Era
divertido, afinal de contas, todo dia tinha alguém com a perna quebrada ou
azedavam as coisas. Muita puína, muito iogurte, muito leite talhado.
Os policiais foram chamados, mas ninguém
queria ir, até criarem uma Força Espacial Exupimpa (FEE, mais conhecida como
Fé) especialmente treinada na Bahia. Alguns foram fazer pós-graduação no
Caribe, no sul dos EUA, até na África, mas na verdade a base baiana é que era
boa, a que havia se desenvolvido mais no mundo. A do Rio de Janeiro se
degenerara um pouco. 27 policiais foram designados para lá e nunca mais foram
vistos, exceto que apareceu um monte de cachorrinhos e gatinhas, por
coincidência 27 também, uns labradores bonitos, uns pitbull, um dogue, uns
bassês, umas gatinhas, inclusive uma persa de nome Maria Fayed, por acidente o
de uma policial (acho que foi homenagem).
Serra, sábado, 03 de março de 2012.
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