Premiação do Cão
Como fazia todo ano O Cão em pessoa foi
apresentar a festa, dando a aula inaugural do ano que se iniciava na Escola do
Cão, onde só os melhores frequentavam. E distribuía os prêmios Destaques do
Ano. Os professores decanos estavam todos presentes e à medida que Sua
Majestade ia apresentando-os eles se levantavam e se inclinavam, fazendo mesura
perante as classes todas presentes.
Prorrompiam os aplausos, era ensurdecedor,
tantos professores queridos tinham feito tanto para encher as dependências da
Escola do Inferno.
Hitler, Napoleão, Gêngis, Atila, Tamerlão,
César, Alexandre, todos os grandes estavam lá.
- Não podemos esquecer Pol Pot, três milhões.
Vieram os aplausos, as pessoas se levantaram,
os estudantes ululavam!
Modestamente Pol Pot se levantou e agradeceu.
- Não tanto quanto Hitler, 60 milhões – e
apontou para o mestre.
- Os Bush, pai e filho, isso do Iraque foi
lindo.
Mais aplausos, lágrimas, alguns se
emocionaram demais e precisaram sair da sala, que era imensa, para conter
tantos políticos, tantos drogados, tantos juízes, tantos executivos públicos e
privados.
Bush Junior se levantou.
- Quero lembrar os meus associados, Cheney,
Condoleezza, Rumsfeld. Bruce, Condoleezza, Donald, por favor. Ainda não estamos
aqui definitivamente, Senhor, mas vamos estar.
- Bravo, bravo! - gritou algum fã – são os
maiorais.
Mais aplausos, embora mais contidos.
Sua Majestade franziu o cenho.
- São tantos, são tantos. Não dá para
mencionar todos. Ali no canto os brasileiros, muito bons, estão só começando.
Fidel, Chávez, não podemos esquecer Pinochet, o pessoal dos bastidores da
Primeira e da Segunda Guerra, nossos aplausos agradecidos. A turma toda das
epidemias, nossos agradecimentos. A trupe que desvia dinheiro que iria salvar
vidas ceifadas pela fome na África, isso foi lindo e ano após ano me enternece.
Os coronéis do Nordeste que também desviam dinheiro. O Juiz Lalau, a advogada,
tantos, tantos, sinto-me comovido, todos formados aqui e saídos para infernizar
o mundo. Nós sentimos que fizemos a má obra com força e indignidade.
- Majestade, e a turma do PT?
- Bem lembrado. Puxa, isso é que foi golpe,
bonito demais. Parecia que vocês estavam trabalhando pro outro lado, desviaram
o partido da retidão, meteram mesmo a mão, o Zé Dirceu e toda a turma, meu muito
obrigado. O Presidente L ... (e fez o sinal com os quatro dedos), recebeu um
mandato do Céu e traiu bonitinho mesmo, se locupletou, meteu os dedos com
força, se tivesse dez levava mais.
- Agora vamos parar de falação e vamos cair
na gandaia. Vamos servir Sangue, Suor e Lágrimas que conseguimos tirar do
povão.
- Urra, urra, urra – gritaram os estudantes.
Serra, sábado, 05 de junho de 2010.
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