terça-feira, 30 de agosto de 2016


O Mercado Muito Mobiliário do ES

 

Não é i-mobiliário, é mobiliário mesmo, que se move muito.

Desde quando chegamos de novo a Jardim da Penha em janeiro de 1999 fiquei prestando atenção: podia-se comprar, dois anos depois, uma cobertura por 80 mil reais, logo passou ao dobro, ao quádruplo e chegou doze anos depois a 500 mil.

Na Enseada do Suá as casas saltaram de 150 para 350, 700 e agora chegaram a 1.500 mil, quer dizer, 1,5 milhão, preços do Rio de Janeiro capital. Uma casa de 430 m2 em Domingos Martins de uma semana para outra passou de 800 para 1.000 milhares. Uma fazenda de imigrantes italianos debaixo do Parque Goiapaba-Açu em Fundão, caminho de Santa Teresa, saltou de 1.800 para 2.400 os 60 hectares. Uma casa no bairro Marbella, Nova Almeida, Serra, passou de 165 para 250 e 300 mil nos meses em que andei investigando. Uma casa em Manguinhos, beira do asfalto que vai para Bicanga, passou de 800 a 1.000 (sempre em milhares).
O hectare (10.000 m2) na roça custa no ES 25 mil, enquanto no Rio de Janeiro fica por 12 mil e no Uruguai sai por US$ 4,0 mil, neste momento R$ 6,4 mil. Se forem terras cultiváveis de Linhares, e não do areião, pula para 80 mil/ha.
As pessoas não fazem nem ideia do que estão pedindo. Vão aumentando assim sem mais nem menos, porisso imaginei esse diálogo.
Dizem que são os tempos do petróleo no ES.

Dois rapazes sentam-se à mesa do bar, o garçom se aproxima.

- Vão querer o quê?

- Duas cervejas.

- 10 reais.

- Dez? Mas ali do lado é 6.

- Aqui o dono decidiu aumentar para 5 cada. Pagos antecipadamente. E cada cadeira é 2.

- Companheiro, não tá vendo que não vai vender?

- Sei de nada, tô seguindo ordens. E semana que vem vai ser 7 e no final do próximo mês 10 cada.

- Cara, presta atenção, mermão: se não tá vendendo por 5 como vai passar a 7 e depois a 10? Aqui do lado esquerdo é 3, do lado direito é 3, em frente é 3.

- Sei de nada, vocês sentaram já tão devendo 4, mais 1 de gorjeta, 5.

- Vamos chamar a polícia.

- Podem chamar, mas paguem antes.

Os rapazes chamam a polícia, dá em nada, eles ficam putos, mas o guarda não pode fazer coisa alguma, é a liberdade empresarial de majorar preços.

Eles vão para o bar vizinho.

- Garçom, duas cervas geladérrimas, véu de noiva. Vamos esgulepar duas de uma vez.

- 14 reais.

Serra, quinta-feira, 11 de agosto de 2011.

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