Conde
Trácula
O Conde
Trácula ficava uma fera (brincadeirinha, não me morda) quando se apresentava e
erravam o nome dele. Neste particular, é o seguinte, é como apelido, se você
reclamar aí é que “cola” mesmo, firma-se e não tem jeito. Você tem de levar na
flauta, fingir que não se importa ou não se importar mesmo, até cair em desuso.
Ou não.
- Muito prazer, conde Trácula.
- Drácula?
- Não, Trácula.
- Báculo?
- Não, TRÁCULA. Com T.
- Tácula?
- Trácula, Trácula, Trácula.
As pessoas faziam de propósito.
Porque sabiam que ele “era do bem”,
diferentemente do seu parente, seu primo-irmão, o conde Drácula original, que
com esse ninguém implicaria.
- Prazer, conde Trácula.
- Mácula?
- TRÁCULA, PORRA (tinha hora que ele perdia
as estribeiras).
Ele ficava pra morrer, mas não morria porque
era vampiro e vampiros foram condenados e tirar do mundo a gente ruim que o
empestava. Infelizmente havia gente ruim demais e eles não davam conta. No
Brasil, então...
Ele ficava uma arara, cuspindo fogo pelas
ventas, era doloroso de ver. E quando mais se aborrecia mais as pessoas
implicavam, porque sabiam que ele não podia revidar. Não que tivesse medo das
pessoas, isso não, era mais por convicção, ele tinha se decidido a não tomar
“sangue vivo”, quer dizer, sangue que ainda estivesse no corpo das pessoas.
Porisso assaltava os bancos de sangue ou bebia de gente recém-morta. Ou pegava
Tampax e Modess nas latas de lixo, era triste de ver o esforço que ele fazia
para ser correto num país que não dava a mínima bola para isso.
E o traquejo social do conde?
Era zero. Eu falei pra ele: conde, leia a
passagem de Rui Barbosa. O senhor estava lá, viveu na época do cabeção de Haia,
o senhor tem de ler. Não acredite nas pessoas.
Quê?!
Zero, ele tinha essa tendência de acreditar
nas pessoas, acreditava que as pessoas não estavam mesmo entendendo o nome
dele. O sangue lhe subia à cabeça. Aliás, era por isso que ele tinha de beber
sangue (como os vampiros brasileiros em geral) do povo, mas só nas condições já
descritas, nada de gente viva, pois não fabricava, não fazia nada, como as
elites. Estava condenado a viver de sangue, suor e lágrimas do povo, como os
políticos.
Serra, segunda-feira, 05 de março de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário