Prisão
Domiciliar
Observando
a produção-organização familiar (produção pelos homens, organização pelas
mulheres – como mostrou o Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens) a
partir das notícias da vizinhança - que sem procurar obtemos - ou nos filmes e
romances ou na TV ou onde for podemos ver realidade ou representação das
desavenças no interior do par fundamental: um controla a outra e vice-versa.
Há
vigilância geral nos gastos de um ou da outra, sem falar que ambos
supercontrolam os filhos (há utilidade não apenas em poupar como também em
armar a mola do consumo e produçãorganização futura deles). Vivem todos em
prisão domiciliar, dentro do domicílio, ou fora dele. Vivem em prisão quanto
aos gastos. Uma vida inteira supermedida, com rara liberdade e raríssima
prodigalidade. Não há um instante de sossego durante uma vida inteira, mas há
algumas festas.
Quais
são os retratos dessa vida controladinha?
Os
filmes – que Edgar Morin acompanhando outros chamou de sociologia do invisível
– não mostram nem a sério nem jocosamente essa feição sensibilíssima das
existências privadas. Como se comportam uns e outras na condição de atravessar
30, 40, 50, 60 anos de casamento supercontidos? O sacrifício que devem fazer
uns e outras para comprar casa, carro, objetos e outras coisas é com toda
segurança muito agudo, muito intenso. E em alguns casos risível.
Vitória,
segunda-feira, 18 de julho de 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário