segunda-feira, 16 de outubro de 2017


Prisão Domiciliar


 

                        Observando a produção-organização familiar (produção pelos homens, organização pelas mulheres – como mostrou o Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens) a partir das notícias da vizinhança - que sem procurar obtemos - ou nos filmes e romances ou na TV ou onde for podemos ver realidade ou representação das desavenças no interior do par fundamental: um controla a outra e vice-versa.

                        Há vigilância geral nos gastos de um ou da outra, sem falar que ambos supercontrolam os filhos (há utilidade não apenas em poupar como também em armar a mola do consumo e produçãorganização futura deles). Vivem todos em prisão domiciliar, dentro do domicílio, ou fora dele. Vivem em prisão quanto aos gastos. Uma vida inteira supermedida, com rara liberdade e raríssima prodigalidade. Não há um instante de sossego durante uma vida inteira, mas há algumas festas.

                        Quais são os retratos dessa vida controladinha?

                        Os filmes – que Edgar Morin acompanhando outros chamou de sociologia do invisível – não mostram nem a sério nem jocosamente essa feição sensibilíssima das existências privadas. Como se comportam uns e outras na condição de atravessar 30, 40, 50, 60 anos de casamento supercontidos? O sacrifício que devem fazer uns e outras para comprar casa, carro, objetos e outras coisas é com toda segurança muito agudo, muito intenso. E em alguns casos risível.

                        Vitória, segunda-feira, 18 de julho de 2005.

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