Marcação Homem a
Homem
No futebol existe
isso de “marcação homem a homem”, que é um índice de desespero: quando um time
se sente fraco ou enfraquecido o treinador sugere que cada adversário seja
vigiado de perto, coladinho, não ficando sobra nenhuma para independência de
jogadas, porque se trata apenas de impedir a liberdade alheia de fazer e não
fazer por conta própria. É o anti-futebol, medida tomada em desespero de causa.
UM
ÔNIBUS (no
Espírito Santo foram instaladas acima das roletas as catracas eletrônicas)
|
O sistema funciona assim (estou
presumindo):
1. Numa haste acima da roleta está a
catraca eletrônica, que é um rádio-emissor e rádio-receptor ligado à central;
2. Ao passar a carteira de plástico, o
cartão de crédito (as pessoas não raciocinam sobre isso), a máquina registra o
número-código, se liga à central, envia e recebe, o cartão é debitado de um
valor de passagem, que é deduzido, aparecendo o valor na tela (poucas pessoas
se preocupam em reparar se a operação foi correta e guardar o número da última
operação, porque obviamente a vida é cheia e há muito que fazer);
3. O trocador não recebe mais dinheiro e
não fica com o troco, se houver “engano” ou o passageiro deixar para lá (o
objetivo será no final despedir todos os trocadores, metade dos funcionários
dos ônibus; ficarão apenas os motoristas);
4. De passagem o sistema permite saber
onde estou a cada dia (se eu não emprestar a carteira a ninguém; é uma
vigilância a mais do Grande Irmão sobre a população).
Em resumo, a vigilância aumentou.
Não são só os cartões de crédito que
permitem observar o trânsito de todos e cada um através do país, agora são as
passagens de ônibus. Somando-se a isso as câmaras que estão sendo instaladas em
toda parte por governos e empresas nos elevadores, nas repartições, nas lojas,
nos saguões, em toda parte, até nos postes nas ruas, a título de melhorar a
segurança das pessoas, mas essencialmente para vigiá-las, tudo vai ficando mais
apertadinho.
Enfim, é a
desesperada marcação homem-a-homem, significando que os governos estão ficando
impotentes. Um índice de enfraquecimento e de imperícia.
Vitória,
agosto de 2005.
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