Fronteiras da Alma
Gabriel disse que
devemos pensar num ponto do espaço como sendo nosso lugar, o que é verdade
mesmo: não estamos em bairros, cidades, estados, nações. Não estamos na América
do Sul, no Brasil, no Espírito Santo, em Vitória, em Jardim da Penha senão
acidentalmente, porque essas foram as limitações que as burguesias impuseram a
nossas almas. De conversa em conversa fomos raciocinando que são os limites
municipais, as divisas estaduais, as fronteiras nacionais apenas e somente
reservas de mercado das elites. As elites capixabas fizeram do Espírito Santo
feudos provinciais nos quais não entra nada e de onde nada sai sem sua
autorização medíocre. E assim é em toda parte. Por outro lado, tão grande foi o
avanço da Internet desde 1989 no mundo e desde 1995 no Brasil que alargou até
exageradamente tudo. Posso colocar (como fiz com alguns artigos sobre os
baciões, os panelões dos grandes meteoritos) o que criei na Rede, mesmo se não
consigo vazar através de livros e artigos publicados na imprensa. A Internet,
portanto, age contra o mecanismo LIMITADOR das elites.
Nós fomos sendo
empurrados não só pela expansão das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e
empresas) e dos AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundos), como
também por alguma perversidade que nos afasta. O movimento de afastar foi
maior, talvez, do que o movimento de aproximar, ainda que pairem no horizonte
da Terra os esforços dos iluminados, dos santos e dos sábios.
Assim, nossas almas
ficam loteadas por fronteiras, divisas, limites, terrenos, lotes, posses,
objetos e tantas coisas mais, podendo passear livremente apenas nas ruas e
avenidas e praças, onde somos comuns, onde comungamos. Tão distantes fomos
ficando!
Vitória, agosto de 2005.
DO
LADO DE LÁ ESTÃO OS ZOUTROS
(os alienígenas, os bárbaros; mas os zoutros dos zoutros somos nós)
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