terça-feira, 31 de outubro de 2017


Fronteiras da Alma

 

                            Gabriel disse que devemos pensar num ponto do espaço como sendo nosso lugar, o que é verdade mesmo: não estamos em bairros, cidades, estados, nações. Não estamos na América do Sul, no Brasil, no Espírito Santo, em Vitória, em Jardim da Penha senão acidentalmente, porque essas foram as limitações que as burguesias impuseram a nossas almas. De conversa em conversa fomos raciocinando que são os limites municipais, as divisas estaduais, as fronteiras nacionais apenas e somente reservas de mercado das elites. As elites capixabas fizeram do Espírito Santo feudos provinciais nos quais não entra nada e de onde nada sai sem sua autorização medíocre. E assim é em toda parte. Por outro lado, tão grande foi o avanço da Internet desde 1989 no mundo e desde 1995 no Brasil que alargou até exageradamente tudo. Posso colocar (como fiz com alguns artigos sobre os baciões, os panelões dos grandes meteoritos) o que criei na Rede, mesmo se não consigo vazar através de livros e artigos publicados na imprensa. A Internet, portanto, age contra o mecanismo LIMITADOR das elites.

                            Nós fomos sendo empurrados não só pela expansão das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e dos AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundos), como também por alguma perversidade que nos afasta. O movimento de afastar foi maior, talvez, do que o movimento de aproximar, ainda que pairem no horizonte da Terra os esforços dos iluminados, dos santos e dos sábios.

                            Assim, nossas almas ficam loteadas por fronteiras, divisas, limites, terrenos, lotes, posses, objetos e tantas coisas mais, podendo passear livremente apenas nas ruas e avenidas e praças, onde somos comuns, onde comungamos. Tão distantes fomos ficando!

Vitória, agosto de 2005.

 

DO LADO DE LÁ ESTÃO OS ZOUTROS (os alienígenas, os bárbaros; mas os zoutros dos zoutros somos nós)

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