segunda-feira, 30 de outubro de 2017


As Tintas Descascadas

 

                            Esse pedaço da Europa faz parte da África e não do lado de cima, que é o Lobato dentro da grande caçapa do panelão, da hiperbacia; não é Europa, é África – tão surpreendente quanto isso.

                            Como já disse, os humanos pouco fizeram geologicamente para mudar a Terra, porque já era para virar deserto mesmo, só que em longos tempos; vai ser, será sem dúvida alguma. O Mediterrâneo vai secar, tanto quanto o Saara secou. Além de estar sendo levantado ele faz parte do arco-de-frente da hiperbacia do Norte. É a continuidade acidentalmente européia do grande arco. Os desertos do norte da África e do sul da Europa são primos-irmãos, são parentes, nasceram da mesma fonte. Os povos que ali habitam têm mais esse parentesco. Os desertos da Espanha, da Itália, da Grécia e da Turquia já teriam mesmo de se formar, com ou sem a presença de humanos. A Europa do sul está desertificando, só que em tempos que contam aos milhares de anos cada dia.

                            De fato, se a crosta ou superfície da Terra (numa bola de 1,2744 m apenas 0,6 a 6,0 mm) não passa de tinta sobre a esfera, a presença humana não faz mais que descascar tais tintas aqui e ali ao cabo de milhares, dezenas de milhares e centenas de milhares de anos de operosidade. É como se um dedo tivesse roçado levemente a bola. Tudo que nós fizemos, embora psicologicamente seja muito (como já demonstrei de sobra), geologicamente não tem significado. Geologicamente não passamos de acidente.

Vitória, agosto de 2005.

 

ESSA FAIXA PARA A QUAL NÃO PARECIA HAVER EXPLICAÇÃO (meramente ela faz parte do arco-de-frente, a imensa faixa que vai do oeste da África ao leste da Ásia por 15 mil km, com 3,2 a 3,5 mil km de largura)


O MEDITERRÂNEO NÃO É MAIS QUE UM LAGO AFRICANO (faz parte do Saara, só que não sabe ainda)

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