sábado, 28 de outubro de 2017


Cuspindo Veneno

 

                            H é como eu fiscal do estado do Espírito Santo e dentista de profissão, tendo trabalhado em Pedro Canário e ficado muitos anos de favor no Posto Fiscal Amarílio Lunz, que fica no município, divisa com a Bahia.

                            Certo plantão estávamos em três, ele, EV (chamado Edir “Índio”, agora falecido) e eu. O Edir saiu e ao ir disse que ia tomar banho, porque já estava se sentido mal, dois dias sem se lavar, fosse ou não fosse verdade, ele era um brincalhão. Quando virou as costas e já estava longe o outro falou “esse cara é um porco”, ao que repliquei que se ele achava isso dissesse na frente do Edir e não pelas costas. Cada um tem um jeito de ser.

                            H virou-se para mim e perguntou se eu também era assim, de tomar banho só de dois em dois dias. Eu disse que não, pelo contrário, no mínimo tomava dois banhos por dia, um de manhã e um de noite, porque sentia muito calor; por vezes mais, no verão às vezes cinco ou seis. Ele disparou: “pobre, mas limpinho”. Fosse praga inconsciente ou não dois meses depois ele escorregou de carro na pirambeira e apenas uma árvore impediu que fosse ao fundo.

                            É interessante ver a maledicência, a adulação, a perseguição, todo tipo de sentimento no serviço público, onde nada disso deveria existir. Pelos mínimos motivos acontecem esses ataques. É assombroso, parece que essa gente não tem mais que fazer. É totalmente espantoso ver. Acredito que os psicólogos deveriam estudar e que os sociólogos deveriam investigar e expor o fenômeno. Porque, em tese, todos nós deveríamos estar trabalhando pelo bem público e, no entanto, os chefetes se preocupam em perseguir os colegas, em nosso meio abrindo a torto e a direito processos sucessivos contra todos e qualquer um (por exemplo, pelos motivos mais estapafúrdios ou extravagantes abriram seis processos contra mim). Isso obviamente, permitiria trabalhar a questão a favor de melhor trabalho.

Vitória, agosto de 2005.

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