segunda-feira, 9 de outubro de 2017


Embuste Elegante

 

                            Pedi no Sindifiscal e me deram a revista Finanças dos Municípios Capixabas, ano 10, 2004, que vem repleta de dados sobre as aplicações financeiras (essa é uma vitória democrática: que os AMBIENTES – cidades/municípios, estados, nações e mundo, através da ONU e outros organismos internacionais – sejam obrigados e alguns até façam de bom grado a publicação dos dados) dos municípios do Espírito Santo.

                            Mas tudo não passa de uma COISA TRABALHADA, vamos dizer assim, preparada para não mostrar contraste nenhum, nem um centavo destoando das possibilidades. Em nenhum momento vamos realmente ver a realidade brutal dos “caixinhas”, dos desvios de verbas. Não obstante, prefeitos, vice-prefeitos, secretários e funcionários vão enriquecendo em todo o país – e são 5,5 mil prefeituras! Talvez poucas escapem das falcatruas. Além dessa publicação oficial deveria acontecer outra, não-oficial, oficiosa, das forças vivas CONTRÁRIAS da coletividade, que estivessem dispostas a revelar os esquemas das aplicações financeiras municipais/urbanas.

                            Seria interessante ver as obras com material de segunda, de terceira e de quarta; as denúncias de escândalos; os enriquecimentos ilícitos através da vida aparente de fulano e beltrano; as aplicações suntuárias e dispensáveis de verbas; as viagens desnecessárias dos governantes do Executivo, dos políticos do Legislativo, dos juizes do Judiciário. Isso, sim, faria sucesso, seria um best-seller! Venderia milhares de exemplares. Esse que anexei não vende um, é “dado de graça”, como diz o povo, e as pessoas ainda recusam, porque sabem perfeitamente que é acochambrado, arranjado, forjado.

                            Evidentemente seria preciso coragem por parte dos participantes, financiamento, lisura, ausência de intenções quanto a B ou H, dedicação para mostrar a verdade mínima, pesquisa profunda, revisão, sustentação advocatícia, firmas grandes patrocinando tudo (elas ficariam na mira e talvez não arranjassem contratos com os governos e até com empresas comprometidas).

                            Constituiria tremendo serviço à população, povo e elites, à cultura ou nação. Aí, sim, com toda certeza, os falsários ficariam de cabelos ouriçados temendo o desventramento do banditismo.

                            Vitória, junho-julho de 2005.

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