sexta-feira, 11 de agosto de 2017


Tapete, Árvore e os Santos/Sábios

 

                            Os seres humanos quase todos têm tendência de varrer os problemas para debaixo do tapete. Não os “seus”, os “dos outros”. O que são os seus problemas? Comprar carro, casa, objetos, dar escola aos filhos, se possível fazer viagens, comprar jóias para a mulher, comprar um sítio, esse gênero de sonhos, o que já não é pouco em termos de trabalho. O que são os dos outros? Tudo que não é o da PESSOA (indivíduo, família, grupo, empresa). E quase tudo agora não é só da pessoa, é de todos, da ecologia à economia, do direito à política.

                            Se eu recusar os problemas “dos outros” eles acabarão por se acumular para alguém resolver. Como na árvore visual: as folhas transferem o peso para os ramos, que o fazem para os galhos, daí ao tronco e por fim sobra para a raiz, que sustenta tudo; as raízes são como os santos e sábios, pois tudo acaba neles, que vão dar ainda mais longe na terra, que sustenta tudo mesmo - os iluminados. Conceitualmente esse modelo perde a utilidade, porque as folhas não levam energia às raízes; os santos e sábios tiram energia de si mesmos, de seu contraste com as injustiças do mundo.

                            Quando vemos a árvore visual com suas folhas, flores e frutos, seus galhos e ramos, seu tronco, nem damos importância às raízes, que nas profundezas sustentam todo aquele prazer “superior”. Da mesma forma com os santos e sábios, as raízes do nosso existir. São as vigas mestras de toda a nossa civilização mundial. Quão pouco valor relativo lhes damos. Alguns rezam, claro, mas para pedir favores; não paramos para meditar sobre suas vidas, que no caso da maioria está perdida na geo-história, sendo minuciosamente recordada por poucos.

                            Que ingratos nós somos! Pois os prazeres que desfrutamos na Matemática vêm de Euler e Gauss e outros como eles, e do mesmo modo na Ciência/Técnica, na Filosofia/Ideologia, na Teologia/Religião, na Magia/Arte e em todo Conhecimento. Belas árvores os seres e os teres, mas tudo vem daquelas raízes profundas que suportam as dores do mundo.

                            Vitória, quinta-feira, 02 de dezembro de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário