Tapete, Árvore e os
Santos/Sábios
Os seres humanos
quase todos têm tendência de varrer os problemas para debaixo do tapete. Não os
“seus”, os “dos outros”. O que são os seus problemas? Comprar carro, casa, objetos,
dar escola aos filhos, se possível fazer viagens, comprar jóias para a mulher,
comprar um sítio, esse gênero de sonhos, o que já não é pouco em termos de
trabalho. O que são os dos outros? Tudo que não é o da PESSOA (indivíduo,
família, grupo, empresa). E quase tudo agora não é só da pessoa, é de todos, da
ecologia à economia, do direito à política.
Se eu recusar os
problemas “dos outros” eles acabarão por se acumular para alguém resolver. Como
na árvore visual: as folhas transferem o peso para os ramos, que o fazem para
os galhos, daí ao tronco e por fim sobra para a raiz, que sustenta tudo; as
raízes são como os santos e sábios, pois tudo acaba neles, que vão dar ainda
mais longe na terra, que sustenta tudo mesmo - os iluminados. Conceitualmente
esse modelo perde a utilidade, porque as folhas não levam energia às raízes; os
santos e sábios tiram energia de si mesmos, de seu contraste com as injustiças
do mundo.
Quando vemos a
árvore visual com suas folhas, flores e frutos, seus galhos e ramos, seu
tronco, nem damos importância às raízes, que nas profundezas sustentam todo
aquele prazer “superior”. Da mesma forma com os santos e sábios, as raízes do
nosso existir. São as vigas mestras de toda a nossa civilização mundial. Quão
pouco valor relativo lhes damos. Alguns rezam, claro, mas para pedir favores;
não paramos para meditar sobre suas vidas, que no caso da maioria está perdida
na geo-história, sendo minuciosamente recordada por poucos.
Que ingratos nós
somos! Pois os prazeres que desfrutamos na Matemática vêm de Euler e Gauss e
outros como eles, e do mesmo modo na Ciência/Técnica, na Filosofia/Ideologia,
na Teologia/Religião, na Magia/Arte e em todo Conhecimento. Belas árvores os
seres e os teres, mas tudo vem daquelas raízes profundas que suportam as dores
do mundo.
Vitória, quinta-feira,
02 de dezembro de 2004.
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