Das Pós-Cavernas às
Pós-Cidades
Vimos que as
cavernas borbulharam para fora a partir das bolhas-quarto que foram criadas
dentro; na medida em que a Caverna geral não comportou mais as separações
internas estas migraram para fora como bolhas separadas que foram se somando –
toda aquela seqüência já exposta.
Essas bolhas se
separaram das cavernas e foram se distanciando, ainda como bolhas; certamente
terem se separado das cavernas criou a idéia de separação. São sempre os pobres
que vão morar mais longe, civilizando a fronteiras; depois que o fazem os ricos
vão os pobres vão então para ainda mais longe e assim sucessivamente, como
vemos acontecer. Os ricos ficavam nas cavernas, os pobres fora; na medida em
que do lado de fora ficou melhor que do lado de dentro os ricos se apoderaram
das bolhas e mandaram os pobres para mais longe, onde eles foram novamente
civilizar.
Agora já vemos uma
borbulha distante, todas as bolhas ainda juntas; foi preciso que, como já
vimos, surgisse uma primeira rua, pois ninguém tinha idéia de separação, de
haver entre duas bolhas um vazio, que era assustador. Quando a primeira rua foi
inventada isso anunciou o futuro das pré-cidades. Surgida a primeira rua muitas
outras se seguiram, embora distantes no tempo, pois a idéia de segregação era
revoltante. Novamente, deve ter surgido como uma heterodoxia dos pobres, uma
heresia dos despossuídos, sendo copiada e expandida depois pelos ricos.
Precisamos ver isso mais de perto e melhor, raciocinar mais, olhar bem de
pertinho mesmo. Como essas pós-cavernas eram feitas de barro jogado (como nas
casas de ramos e barro até hoje na África e em toda parte) em rede de ramos,
tudo isso deve ter desaparecido, exceto se por felicidade algo restou. Procurar
seria importante, encontrar fundamental. Se por acaso e por suprema alegria encontrássemos
esse barro moldado certamente também acharíamos as ruas.
Vitória,
sexta-feira, 10 de dezembro de 2004.
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