sexta-feira, 11 de agosto de 2017


As Pós-Cavernas e as Pré-Cidades do Lago Vitória

 

                            Se nossos ancestrais primatas foram para a Forquilha há uns 50 milhões de anos atrás e desde então se aproximaram do Lago Vitória, se os hominídeos estiveram ali cada vez mais presentes e se expandiram para os demais lagos; se os neandertais fizeram festa ali, então com certeza aquele lugar, uma faixa em torno do lago atual (mas variando muito, porque eram faixas em torno das sucessivas versões do páleo-lago) esteve superocupada; e com mais certeza ainda saíram das cavernas para formar as primeiras pós-cavernas e as primeiras pré-cidades ainda ali. Devem ter sido milhares e milhares, verdadeiro enxame, primeiro burburinho ancestral.

                            Devemos até esperar que a superpopulação das pós-cavernas e das pré-cidades tenha empurrado alguns para dentro d’água, disso surgindo as palafitas que foram difundidas além na Europa. Ali devem ter aparecido as primeiras ruas e toda sua descendência inicial. De fato, deve ter ocorrido ali a primeira poluição da água, com as pessoas defecando dentro dela diretamente das casas nas palafitas. Deve ter ficado uma porcaria só, o contrário da beleza que tinha sido antes (e foi depois, quando o lago esqueceu a presença humana). Pode ser que o LV tenha se tornado sinônimo de imundície e superpopulação. É natural pensar que se as margens estiveram todas ocupadas na linha da água e para trás a perder de vista, só sobrava o lado de dentro para os pobres. Porque as outras opções para o surgimento das palafitas seriam os instáveis rios e o mar perigosíssimo, que assustava a todos. Não, tem de ser mesmo o lago. E o LV, estando no centro da Forquilha, sendo o primeiro e maior deles, deve ter sido muito concorrido. Como as construções eram instáveis muitas terão desabado e sido soterradas no lodo, podendo ser descobertas pelas pesquisas. Muito trabalho pela frente, o que ajudará também a descobrir as páleo-margens, dado que os esqueletos de humanos e de animais, quando não os instrumentos, as marcarão; e assim, indiretamente, saberemos como o lago se comportou nas eras e como as eras se comportaram no lago. Acho útil fotografar de cima e pesquisar até 100 km além das margens atuais.

                            Vitória, sábado, 04 de dezembro de 2004.

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