terça-feira, 3 de janeiro de 2017


Vantagem Computacional

 

                            No livro de Michio Kaku, Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, p. 158, o autor diz: “segundo Lester Thurow, ex-diretor da Sloan School of Management do MIT, o que está acontecendo é nada menos que um deslocamento sísmico na geração de riqueza neste planeta. A partir de cerca de trezentos anos atrás, com o nascimento do capitalismo, as nações que acumularam vasta riqueza e exploraram recursos naturais e capital ganharam proeminência, como registrou Adam Smith em A riqueza das nações. No século XXI, porém, escreve Thurow, ‘capacidade intelectual e imaginação, invenção e organização de novas tecnologias são os ingredientes estratégicos-chave’. Alguns países com probabilidade de ser gigantes econômicos no século XXI, como o Japão e a China, são relativamente pobres em recursos naturais e terras aráveis, mas têm uma força de trabalho preparada, dedicada, e privilegiaram a ciência e a tecnologia. ‘Hoje, conhecimento e habilitação passaram a representar sozinhos a fonte de vantagem comparativa’, escreve Thurow”, coloridos meus.

                            Desde SEMPRE a capacidade intelectual, a imaginação, o conhecimento, a habilitação, as patentes, a pesquisa teórica de idéias & o desenvolvimento prático de produtos, o investimento em educação e cultura, foram os diferenciais que propulsionaram as coletividades adiante, acima e à frente das demais. Por toda a geo-história podemos ler a mesma inequívoca lição, para onde quer que viremos nossa memória - essas coisas de melhorarmos a memória, a aplicação da inteligência, o controle, deu vantagem competitiva na seleção por aptidão e habilidade das nações, dos estados/províncias, dos municípios/cidades, das empresas, dos grupos, das famílias e dos indivíduos. Não foi outra coisa, foi sempre o favorecimento da educação, seja por mera transferência pedagógica, seja pela busca mais profunda das respostas.

                            O tal “deslocamento sísmico” nada mais é que o fato de as sociedades do Oriente estarem sendo cristianizadas, adotando o modelo ocidental de preocupação com o povo, e de cessão a ele dos benefícios gerais do Conhecimento geral e da produçãorganização pessoambiental. Com coletividades maciças, a China com 1,3 bilhão, a Índia com 1,0 bilhão, o Japão com 125 milhões e os volumes enormes de gente disciplinada e agora educada desde a base, não poderia ser diferente. Se a América Latina não prospera bastante rápido é porque existe essa separação nítida entre os “crioulos”, os descendentes de europeus, e os outros crioulos, os africanos, e os mestiços, colocados sempre em desfavor. Há sempre duas nações, duas argentinas, dois brasis, dois méxicos, etc.

                            E tudo isso se resume numa coisa só: VANTAGEM COMPUTACIONAL. VC de memória e VC auxiliar da inteligência, quando não a própria VC humana. Porque, veja, nós também somos computadores, seres que computam, embora sejamos mais que computadores, não apenas computadores. Não computamos apenas, pensamos, o que é um diferencial importantíssimo, a que os governempresas nem sempre dão valor. Pelo contrário, o inimigo interno, servo dos seus amigos de fora, costuma nos deprimir, nos subjugar. TUDO é questão de vantagem computacional.

                            Desde quando os chineses eram tratados como subumanos produziam como subumanos, ao passo que desde quando passaram a ser tratados como gente, a resposta tem sido ótima. O mesmo se dá agora na Coréia do Sul, em Hong Kong, em Cingapura, todos os tigres e dragões asiáticos onde está se dando a cristianização avançada, mesmo quando eles não tenham consciência disso, ao adotarem os costumes ocidentais.

                            Tal “deslocamento sísmico”, com violentos terremotos socioeconômicos ou produtivorganizativos, pode se dar também na América Latina, DESDE QUE adotemos a crença na igualdade de oportunidades, dando educação de altíssima qualidade A TODOS. Desde quando introduzamos computadores em todas as salas de aulas, em todas as repartições governamentais e empresariais, em todas as casas, sempre avançando na construção das máquinas e a dos programas.

                            Quando nos voltemos para o computador e as máquinas gerais como potencializadores da liberdade humana geral, ENTÃO haverá não uma, mais muitos deslocamentos sísmicos, acontecimentos absolutamente assombrosos. O Brasil e o ES devem se conscientizar o quanto antes disso, que os ingredientes-chave de ontem, de hoje e de sempre foram, são e serão os mesmos, em todo espaçotempo: 1) treinamento da capacidade intelectual, 2) desenvolvimento sôfrego da imaginação, 3) estímulo à inventividade, 4) organização distributiva das benesses das novas tecnociências, 5) favorecimento indiscriminado e democrático, sem ocultamentos, do Conhecimento geral, 6) habilitação mental e corporal, 7) igualdade e liberdade postas no mesmo patamar de busca.

                            Não depende de ter recursos materiais, energéticos e de informação, ou seja, das riquezas, dos recursos, dos dinheiros já disponíveis, mas antes de QUERER humanizar TODOS OS SERES HUMANOS, de ter um grande projeto para todos. Querendo, os demais recursos aparecerão, vindos de todo lugar, como grande voragem de aplicações, como está acontecendo na China de hoje.

                            Vitória, terça-feira, 29 de outubro de 2002.

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