segunda-feira, 23 de janeiro de 2017


Terra Jovem


 

                            Fazem a conta de a Terra ter, segundo os cientistas, 4,6 bilhões de anos de formada desde a Nébula Primordial, como bola de fogo que se condensou em solo quente. Essa Terra geológica não é a mesma Terra psicológica em que vivemos como criaturas da mesopirâmide (PESSOAS; indivíduos, famílias, grupos e empresas; AMBIENTES: municípios/cidades, estados, nações e mundo).

                            O ser humano tem apenas 200 mil anos, desde a EVA MITOCONDRIAL e o ADÃO Y, que surgiram na África “quase ao mesmo tempo” e em lugares “próximos”. Contando mais de perto, a expansão não passa de 50 mil anos, enquanto a criação da civilização geral começou há 10 mil, depois do fim da última glaciação, desde há 12 mil anos atrás.

                            Se segue que na verdade A TERRA É JOVEM, novíssima, porque na última glaciação os gelos vinham até Nova Iorque, ao Norte, e até São Paulo, ao Sul, quer dizer, desde os 40º N e 20ºS, deixando uma faixa de 60 graus, coisa de sete mil por 40 mil quilômetros, no máximo, uns 280 milhões de km2. Tomando como sendo 1/3 as terras emersas, teremos 90 milhões de km2, dos quais 9/10 talvez cobertos de florestas ou de desertos impenetráveis. Alguém se interessará em fazer o cálculo correto. A humanidade não constituía mais que manchas pequeníssimas, pontos infinitesimais sobre a vasta pele da Terra fria. Evidentemente toda a Terra acima de 40º N e 20º S era inabitada e inexplorada, solo realmente virgem até o afastamento das geleiras. Com o esquentamento novas espécies vegetais e animais se desenvolveram, ou se espalharam, de modo que realmente podemos dizer que o planeta Terra não é para a humanidade um mundo velho, é novíssimo, é coisa geologicamente inaugurada ou reinaugurada. Não é nenhum mundo caduco, encarquilhado, enrugado de velhice. É uma jovenzinha que acordou agorinha há pouco de um sono, de uma sesta, ou do pesadelo da noite de gelo.

                            O chamado “tempo profundo” nos engana, fazendo os seres humanos encurvarem sob o peso de uma falsa velhice. Aquilo lá é outra coisa, em que a humanidade não estava presente, e da qual não precisa se lembrar enquanto impedimento. A Terra despertou de seu sono gelado para vida nova e é isso que conta, verdadeiramente, a mais.

                            Vitória, sábado, 04 de janeiro de 2003.

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