Telefone Azul
Sempre
brinquei, dizendo que deveriam instalar vários telefones destinados
exclusivamente às mulheres, e um só para os homens; ainda assim no das mulheres
filas enormes se formariam, enquanto o dos homens de vez em quando estaria
vazio e elas fatalmente pediriam para usar. É que as mulheres falam muito. A
irmã da V, ex, chegou a falar de Sergipe três horas inteiras com a mãe. A AP,
esposa de um amigo, pagou, quando o dólar estava 1,5/1,0, há uns quatro anos,
mil e setecentos reais num só mês de telefone celular.
Depois
pensei que poderia ser mesmo.
Acho
que os telefones azuis (azul = MULHER, na Rede Cognata) poderiam ser destinados
a elas e os vermelhos (= HOMEM) a nós. Vários azuis e um vermelho.
Pensando
no Modelo da Caverna, faz sentido, e até ajuda a avançar hipóteses
delimitadoras. Se as mulheres ficavam dentro e nas redondezas da caverna,
usavam muito a memória plana e espacial, ao passo que os homens, saindo
à caça de coisas vivas e carniças (alguns antropólogos adotam essa hipótese,
que eu rejeito, pois, o nosso olfato é apurado contra coisas podres), usavam
uma memória de linha e ponto, por assim dizer.
Além
disso, as mulheres deviam controlar as crianças, falar umas com as outras,
nomear uma vastidão de objetos (coisas, acidentes geográficos, animais,
plantas, fungos, plantios incipientes, contagem de estoques, repartição das
coletas, etc.), de modo que a memória volumosa e uma língua bem apurada em
substantivos deve ter surgido, a Língua das Mulheres, conforme eu já
falei, por oposição/complementação à Língua dos Homens, muito mais
econômica e comandatária, adjetivante de velocidade e força, eu acho,
ressaltando as qualidades relativas a confronto. A LM deve ter adjetivos
estáticos, que falam de beleza estacionária, o que não faz sentido algum numa
caça que deve contar com velocidade e presteza.
Para
controlar tantas crianças, umas às outras, os animais de criação, toda a enorme
quantidade de trabalho da tribo, as mulheres precisavam mesmo de uma memória
fenomenal e de uma língua bem detalhada. Elas foram preparadas pela evolução do
nosso estilo de vida para falar muito, falar continuamente, falar sem parar.
Eis
agora a razão antropológica evolutiva, eu penso, para realmente instalar
telefones diferentes para uns e outras.
Vitória, domingo, 03 de novembro
de 2002.
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