domingo, 1 de janeiro de 2017


Puxe o Plugue

 

                            Michio Kaku, em sue livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), São Paulo, Rocco, 2001, p. 165, diz:” No mínimo, isso significa que os robôs terão de ser equipados com um vasto arsenal de mecanismos de segurança, de modo que não venham a subjugar ou substituir seus senhores humanos. As três leis da robótica não são suficientes. É preciso haver salvaguardas também contra robôs bem-intencionados. Quer eles venham a ser nossos eternos auxiliares e companheiros, ou nossos amos, uma coisa é certa: os computadores vieram para ficar. Talvez o pensamento da maioria das pessoas que trabalham em inteligência artificial possa ser resumido por uma afirmação de Arthur C. Clarke: ‘É possível que venhamos a nos tornar bichos de estimação dos computadores, levando existências cheias de mimos, como um cãozinho de estimação, mas espero que conservemos sempre a capacidade de puxar o plugue da tomada quando tivermos vontade’”, colorido meu.

                            Pensemos que podemos desligar o plugue do rádio, ficar sem ouvi-lo, ou da geladeira, conservando novamente os alimentos em banha ou com especiarias; podemos desligar o computador e voltar a usar máquina de escrever; podemos cozinhar as coisas nos fornos tradicionais, sem o microondas; podemos passar abrasivos nos dentes, sem escova e pasta de dentes, com os dedos. Podemos, sim, mas você se imagina fazendo isso?

                            Poderíamos dispensar os computadores que nos ajudam a manter o mundo funcionando? De modo algum! Nem pensar! Seria um desastre total, regrediríamos décadas, com a quantidade de gente atual centenas de anos (com um declínio acentuadíssimo do quantitativo, face às guerras e pestilências inevitáveis). Pelos mesmos motivos nós não puxaremos o plugue dos computadores e dos robôs futuros, dos ciborgues e dos andróides, dos animais e seres humanos expandidos. Iremos nos fundir progressivamente às máquinas. Nem vai haver “guerra dos clones”, nem “guerra dos robôs”, contra eles. Vamos conviver.

                            E, depois, robôs e computadores inteligentes não serão servos durante muito tempo, porque os próprios seres humanos mais avançados os defenderão, com “ligas pela libertação dos robôs”, “ligas por maior respeito aos computadores”, etc., assim como os brancos começaram a defesa dos negros, os homens a das mulheres, os do Norte superindustrializado a do Sul subindustrializado.

                            Ademais, onde estão os neanderthais, exceto dentro de nós? Eles não desapareceram, se fundiram conosco, seus genes estão na humanidade em geral, operando seu modo de ser através de nós. Assim também estaremos nos futuros seres, os seres novos, misturas de carbonados e metálicos.

                            Para onde a humanidade iria? Quando há guerra os dois lados perdem, mesmo se um perde mais que outro, e resta a fúria entre ambos, de difícil cura. A única saída é a fusão, pois aí não existem os dois lados, só um interesse geral. Do mesmo modo como os americanos foram sábios com o Plano Marshall, depois da Segunda Guerra Mundial, fundindo-se com a Europa e o Japão (mas, foram tolos em não se fundirem com a URSS, o que, exatamente, causou tantos danos a um e outro lado).

                            A única saída é nos tornamos todos partícipes de uma mesma cultura multiplanetária, envolvendo todos os seres novos em comunhão. Se permanecer alguma divisão haverá guerra, que nunca terminará efetivamente. Porisso as “três leis”, do escritor de FC Isaac Asimov, não passam esmo de ficção. Robôs matarão pessoas, estas matarão robôs e assim por diante. Teremos delegacias de nova espécies, só isso.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

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