domingo, 8 de janeiro de 2017


Petições de Fechamento

 

                            Desde o Clube de Roma em 1967 com Limites do Crescimento até revistas em quadrinhos, passando por textos inumeráveis, filmes, tudo, há isso que chamei de petições ou pedidos ou súplicas ou rogativas de fechamento ou trancamento ou encerramento de projeto, do tipo “vamos ficar com as dimensões que já temos, desde que nos incluam nos beneficiários, e excluir OS OUTROS”. Só que os outros dos outros somos nós mesmos, como viu Jesus logo de cara.

                            Há sempre esse exclusivismo, a doença superafirmativa da exclusividade, da seleção para nós, com segregação dos demais.

                            Como é que OS OUTROS se desenvolverão? Como é que OS OUTROS alcançarão a excelência que portamos agora? Acontece que os outros dos romanos e dos gregos, os bárbaros de então, são os desenvolvidos de hojaqui, os europeus. Os outros dos chineses são os japoneses e coreanos de hoje. O Papa está certo em abrir. Evidentemente abrir demais, sem responsabilidade, levaria ao caos intratável, mergulharia a humanidade no abismo sem volta. É preciso cautela.

                            OS OUTROS estão esperando um pouco de consideração, de amor ao próximo, de aceitação, de compaixão, de caridade, de dignificação. OS OUTROS querem ser tão nós quanto nós mesmos. E nós queremos também ser OS OUTROS, porque no meio DOS OUTROS estão as mulheres que amaremos, as famílias das quais ficaremos amigos, as empresas que salvarão o futuro, e assim por diante.

                            No entanto, há essa gente solicitando o tempo todo o fechamento do Projeto, o conjunto dos projetos de humanização da humanidade. Para quê tanta pressa? Para quê tanta angústia?

                            Tenham calma os que acreditam que Deus está zelando pela humanidade e trabalhem com mais afinco os que não acreditam.

                            Vitória, quinta-feira, 21 de novembro de 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário