domingo, 15 de janeiro de 2017


P&B e Colorido

 

                            Um homem (ou mulher) e uma mulher (ou homem), façam sorteio para ver quem encarna o quê.

                            Um vive numa esfera colorida a que falta o P&B (será difícil imaginar, mas com o auxílio dos pesquisadores é possível o exercício) e o outro numa esfera a que faltam as cores. Quando olha para fora da esfera o P&B só vê preto e branco, como se o mundo inteiro fosse assim, o que os espectadores poderão perceber nitidamente, porque por computação gráfica as cores serão retiradas somente de dentro da esfera, restando P&B-colorido fora. Por outro lado, na outra versão tudo é colorido, sem as sombras, sem preto nem branco, só cores muito intensas – do mesmo modo somente dentro da esfera.

                            Os dois vivem separados, sem um saber da outra, nem a outra do um. Às vezes quase se tocam, mas passam ao largo. Então há, em algum momento, o processo de aproximação, com as negações esperadas, cada um achando que o modo do outro é errado, sem saber que ambos estão certos e ambos estão errados, como dizem o TAO (oriental), a dialética (grega) e o modelo. Finalmente começam a pensar que é assim mesmo e aceitam perder sua ignorância anterior para completar o universo.

                            É evidente que se trata do processo de aproximação dos pares polares de opostos/complementares, a fusão das chamadas “duas culturas”, até que a muito custo ela e ele se apaixonam arrebatadoramente, etc., e têm filhos completos, com todas as cores e P&B.

                            Vitória, sábado, 14 de dezembro de 2002.

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