O Prêmio
dos EUA
Na
Revista Scientific American em
língua portuguesa publicada no Brasil, número 1, ano 1, há um artigo na página
25, Europa Produz Mais Ciência, que
fala de como os EUA estão relativamente atrasados em relação à Europa, em
especial diante dos nórdicos.
Eis
a lista, publicações por milhão de habitantes (95 a 99):
PAÍS PUBLICAÇÕES PERCENTUAL
1.
Suécia 1.431 100
2.
Dinamarca 1.214
85
3.
Finlândia 1.157 81 4.
Holanda 963 67
5.
Reino Unido 949
66
6.
Bélgica 810
57
7.
Áustria 717
50
8.
EUA 708 49
9.
Alemanha 657
46
10.
França 652
46
(UE) 613 43
11.
Irlanda 542
38
12.
Japão 498 35
13.
Espanha 471
33
14.
Itália 457
32
15.
Grécia 340
24
16.
Portugal 248
17
17.
Luxemburgo 133
9
Veja
que o Brasil nem consta. Dos dezessete 15 são europeus, só os coloridos de
vermelho não – EUA e Japão. Veja também que dados corretos podem fazer bem
pouco em mãos inábeis. Maciçamente é a Europa que vai à frente
QUALITATIVAMENTE. E assim mesmo os três primeiros são nórdicos, faltando apenas
Noruega, que não obstante é o país mais avançado do mundo em termos sociais.
Dos dez primeiros apenas EUA não é de civilização com fundo nórdico (pois a
Grã-Bretanha é uma colônia anglo-saxã e a França é bretã, em parte, em parte
latina). Todos são do Norte, onde eles trabalham à beça. Mesmo os EUA são uma
colônia da colônia nórdica, o Reino Unido. A França é parcialmente latina, mas
o primeiro latino mesmo é a Espanha.
Agora,
repare o seguinte: devemos classificar tudo em duas vertentes, a PRODUTIVIDADE
QUANTITATIVA, que é produção, e a PRODUÇÃO QUALITATIVA, que é produtividade. No
que tange à produtividade é que EUA e Japão não se situam à frente, e mesmo
assim o EUA situa-se acima da média da UE, União Européia, PORQUE à frente
estão apenas aqueles de sempre, enquanto a Europa dos 15, obviamente, é
constituída de 15, metade acima e metade abaixo.
No
que tange à produção, a população dos EUA era de 285,9 milhões em 2001, ao passo
que a da Suécia era de 8,8 milhões no mesmo ano. Assim sendo, para os EUA 285,9
x 708 nos dá mais de 200 mil pesquisas/ano, ao passo que a Suécia chegou a
menos de 13 mil por ano, 1/15 das dos Estados Unidos. Qualitativamente a Suécia
tem o dobro, mas quantitativamente os EUA têm 15 vezes tanto quanto; num bloco
assim tão maior certamente avultam pesquisas muito mais significativas, de modo
que se desejarmos avanços, onde os buscaremos mesmo?
Também
é preciso investigar a SIGNIFICÂNCIA, a qualidade do que é significativo, que
tem significado. Por acaso, se o Brasil aparecesse na lista significaria que
estaríamos avançando tanto? Sabemos muito bem que nas universidades e
institutos brasileiros produzem compulsivamente porque existe um estímulo
monetário para tal – só ganham se publicarem tantos “papers” (papéis, teses) a
cada ano. São importantes esses textos? Em geral, não, só enchem lingüiça. Como
estabeleci medida, é preciso perguntar da EMANAÇÃO ou “saição” de cada texto,
ou seja, quantos outros saem daquele que é tido como raiz dos demais. Quantos
textos são seminais, quantos são origem das compreensões seguintes? Às vezes
são produzidos muito enganadoramente textos sem qualquer acréscimo, que apenas
burilam inutilmente o mesmo conhecimento. Em resumo, têm valor?
Seria
preciso investigar para eliminar a enganação.
É
claro que os EUA não podem bobear, nem estou dizendo que não devam recrudescer
suas iniciativas, apenas que a tabela foi mal posta e pior analisada ainda, se
o foi. Dados por si sós não significam compreensão, e quando indevidamente
manipulados podem levar a obscurecimentos.
Vitória,
quarta-feira, 08 de janeiro de 2003.
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