O Imortal II
Continuando,
imagine um imortal real.
Por
mais que ele guardasse segredo acabaria vazando, o que incomodaria demais as
pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e aos ambientes
(municípios/cidades, estados, nações e mundo), quer dizer, aos governempresas
políticadministrativos pessoambientais.
Só
para sondar a questão genética, os “genes da imortalidade” (porque, sendo
físico/químico, biológico/p.2, psicológico/p.3, o Imortal está inserido em tudo
que é do mundo) passariam adiante, mesmo enfraquecidos? Seria ele estéril? Se
sim, como conviveria com isso, de não ter prole?
Depois,
quais seriam sucessivamente suas participações na guerra e na paz, nos governos
e nas empresas, nos pares polares opostos/complementares todos? Quanto poder
acumularia? Pelo fato de não ser punível a impunidade cravaria quais males em
sua criação ou coração? E cada vez que acumulasse fortuna e fingisse a morte,
deixaria para quem? Um imortal é um candidato evidente a soldado, porque pode
matar sem nunca ser morto. Na realidade seria um assassino contratável da mais
alta estirpe. Que culpas acumularia ao longo do tempo?
Naturalmente
poderia visitar todos os países e aprender de todas as culturas. Só isso já o
tornaria precioso a uns e extremamente perigoso para outros. Como ele lidaria
com o fato de estar sempre esquecendo (porque ele é apenas imortal, por
definição do exercício, não tendo uma mente infinita em termos de possibilidade
de depósitos e extrações)? De qualquer modo, como seria extrair memórias de
mente infinita? Vem daí que o esquecimento estaria sempre fazendo-o sofrer,
porque isso significaria não lembrar nomes, acidentes geográficos, prazeres
antigos, as pessoas com as quais viveu.
Enfim,
quer me parecer que ser imortal é mais um castigo que uma benção. Em todo caso
é possível fazer muitos exercícios numa série, colocando essas questões para o
povo e as elites. Muitas questões densas sob a perspectiva do que parece ser um
desejo de quase todos.
Vitória,
sábado, 14 de dezembro de 2002.
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