O Futuro do Cérebro
Num programa de TV
ouvi a pessoa perguntando para quê o cérebro humano foi projetado com tanta
folga (de memória, inteligência e controle, nos termos do modelo).
Bom, eu digo, é para
enfrentar o futuro.
Aliás, poderíamos
estabelecer um índice de racionalidade com base na capacidade de previsão do
ser racional. Quanto mais “futurível”
(futurabilidade, capacidade de prever o futuro. Não aquela coisa do Instituto
Hudson e de Herman Kahn, que é a futurologia, estudos práticos, supostamente
teóricos, sobre o futuro, mas essa capacidade artificial que todos temos de
projetar, de induzir sobre o amanhã) é
um conjunto mais apto ele está a chegar ao futuro e a assumir frações
crescentes do cenário para si e para os seus parasitas.
Podemos prever que o
Sol continuará aí, que o pai e mãe não fugirão (quando mães se ausentam
crianças pequenas ficam enlouquecidas), podemos prever uma quantidade incrível
de coisas, com maior ou menor precisão. Claro que os economistas erram, não se
foi Samuelson que disse que eles tinham previsto NOVE das últimas DUAS crises
americanas. Os economistas erram com uma freqüência incrível, mas é porque a
Psicologia (outra coisa não é a Economia) de que eles tratam é complexa demais.
Então, o cérebro se
tornou racional não apenas quando começou a estabelecer laços comunitários
crescentes, mas também quando foi capaz de prever um punhado de coisas sobre o
amanhã ou o depois de amanhã. Podemos prever que por mais que as roupas mudem
elas não serão abandonadas por bastante tempo.
O cérebro mais
racional é o mais preditivo. Foi, é e continuará a ser assim, quanto mais
embrenhemos na terceira natureza, a informacional/p.4. O cérebro humano não
parou de evoluir 200 mil ou 50 mil anos atrás – ele continua a evoluir.
Só não é mais
evolução natural, biológica/p.2, e sim artificial, psicológica/p.3, nas PESSOAS
(indivíduos, famílias, grupos, empresas) e ambientes (municípios/cidades,
estados, nações e mundo). Empresas mais preditivas suplantarão as demais. Os
conjuntos que conseguem se antecipar avançam mais rapidamente no jogo-de-papéis
(com ações), no empréstimo de dinheiro, na construção de casas à beira-mar (mas
não tão perto que uma onda ou ressaca de maré venha e destrua tudo) ou em
encostas travadas com árvores e grama para não haver deslizamentos de terra nas
enchentes. E assim por diante, tanto para pessoas quanto para ambientes.
QUÃO LONGE consegue
mirar a memória/inteligência/controle é que nos diz do potencial de
sobrevivência e seleção de um qualquer conjunto, sendo isso que a Natureza
mira.
Então, olhe à sua
volta e liste a capacidade preditiva de cada conjunto, seja pessoal seja
ambiental, desde universidades a farmácias, de jornais a agropecuárias, de
feirantes a casais que vão ter filhos, de nações a produtores de filmes, e veja
que a Natureza premia os cérebros capazes de MAIOR INDUÇÃO, que, prevendo,
produzem os maiores acertos. Com isso deixam descendência de vetores para o
futuro. Ou seja, resumindo tudo, a competição e a seleção artificial psicológica é pela
sobrevivência do previsor mais hábil, mais apto, com a conseqüente doação de
futuro à sua prole, seja de qual conjunto for.
Enfim, busca-se o
futuro mais apto.
Vitória, domingo, 29
de dezembro de 2002.
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