terça-feira, 24 de janeiro de 2017


Novenciclopédia

 

                            Com essas facilidades que apareceram agora deveríamos reconstruir a MECÂNICA DE ENCICLOPÉDIAS, tanto a parte estática quando a dinâmica. Veja, se temos um retrato de um porto não precisamos usá-lo só para falar o que é porto, podemos explicar cada um dos objetos, clicando sobre ele. Podemos clicar sobre palavras, como já se faz, em hiperlink ou hiperlaço, de tal modo a ir navegando, mas não só com palavras, também com imagens, com palavrimagens, como o modelo sugeriu faz tanto tempo.

                            Veja, a foto deveria ser tridimensionalizada em computação gráfica, permitindo o passeio de um personagem pelo espaçotempo virtual. Deveríamos ser capazes de subir as escadas de um navio, de andar pelo convés, de olhar pelas escotilhas, descer com submarinos ao fundo do mar, andar no gelo, subir montanhas virtuais, ver fotografias e filmes reais, virar páginas de livros, fazer experiências. Não admira mesmo nada que as pessoas não se emocionem com as enciclopédias estáticas e de palavras de hoje. Deveríamos ter condições de ver as vistas explodidas e objetos, aumentar as dimensões, olhar por telescópios, fazer listas de compras junto com crianças para ir a supermercados virtuais, etc. Que tempo enorme estamos perdendo! A humanidade está adormecida, certamente. Nem reparou nas grandes dádivas que têm em mãos.

                            Numa jabuticabeira virtual podemos passar às folhas, à adubação, à poda, à colheita, à preparação de vinhos, ao tratamento contra doenças. Daí a outras árvores. Se há fotografia de um estúdio artístico, deveríamos migrar dentro dela, perguntando de telas, etc.

                            Enfim, nada na experiência humana é assim somente estático, tudo tem lá sua dinâmica correlata. É uma surpresa tremenda que alguns seres humanos sintam curiosidade pelos livros, o que advém somente de termos um cérebro superdimensionado para o futuro e a solução de problemas, o que nos impõe um ritmo de aprendizado completamente antinatural com os livros. É sufocante, e olhe que eu gosto tremendamente de ler. Tendo deparado com essa percepção custa-me crer que os recursos da RACIONALIDADE DINÂMICA, chamemos assim, não estejam ainda disponíveis. Que rápido seria o aprendizado com esses novos instrumentos, com esses programáquinas tão superiores a tudo que temos!

                            Vitória, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003.

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