Médico dos
Deuses
Imagine um médico
descendo num pontinstante qualquer da geo-história antiga com uma farmácia
contemporânea a tiracolo. O tamanho será decidido no decorrer da trama, filme
piloto e série, pois se trata de um processo educativo.
Aquelas
coisas horrorosas que os antigos sofriam, em termos das quatro mil doenças
genéticas que segundo Asimov existem, mais as de causas ambientais, como
“simples” dores-de-cabeça a serem curadas com Melhoral – de quem o médico
trataria primeiro e preferencialmente? Ricos ou pobres? Ele poderia ficar
extraordinariamente rico e poderoso, enquanto durasse o estoque.
Imagine
a aflição do médico à medida que o estoque fosse acabando. Ele sabe aplicar os
remédios, mas não confeccionar. Se soubesse, não teria os componentes. Você
pode imaginar as lições que podemos tirar disso! Quando terminassem as
aspirinas ele aplicaria placebos, que resolveriam para alguns, mas não para
todos. Sua fama iria sofrer com isso, os generais o ameaçariam.
Como
ele faria para proteger a farmácia? A colocaria num bunker? Quem o protegeria?
Seria chantageado pelos guardiões? Quanta saudade sentiria de sua coletividade
de produçãorganização? Ao júbilo inicial de ter um olho onde todos são cegos
sucederia a depressão crescente das ameaças.
Constituiria
uma lição para as pessoas que pensam que um conhecimento imensamente superior
significaria a felicidade. Na realidade seria um motivo a mais de aborrecimento
e isolamento, de temor e angústia. Como sempre acontece, à bajulação inicial
sobreviria instabilidade emocional diante de todo tipo de pressão. No final,
mais provavelmente, o médico estaria reduzido à condição de pária ou
desterrado, ou o que os roteiristas achassem mais próximo à verdade.
Vitória,
terça-feira, 24 de dezembro de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário