domingo, 8 de janeiro de 2017


Mapas de Tensões Socioeconômicas

 

                            Fico imaginando olharmos um mapa e já sabermos onde estão ou poderiam estar surgindo tensões sociais ou econômicas, de modo que pudéssemos agir com presteza, esvaziando os bolsões antes que fiquem cheios demais e arrebentem com tudo, a si mesmos e ao ambiente.

                            Na verdade, precisaríamos de mapas psicológicos gerais:

1)      Mapas psicanalíticos ou de figuras;

2)     Mapas psico-sintéticos ou de objetivos ou desejos ou vontades;

3)     Mapas econômicos ou de produções;

4)     Mapas sociológicos ou de organizações;

5)     Mapas geo-históricos ou espaçotemporais, que são esses de que conhecemos um lado, o geográfico, pela cartografia, que é a Geografia baixa.

Em particular MAPAS SOCIOLÓGICOS e MAPAS ECONÔMICOS. Os econômicos se subdividiram em MAPAS AGROPECUÁRIOS/EXTRATIVISTAS, MAPAS INDUSTRIAIS, MAPAS COMERCIAIS, MAPAS DE SERVIÇOS E MAPAS BANCÁRIOS. Você sabe, as Páginas Amarelas dos catálogos telefônicos são mapas de palavras, trazendo os CT agora mapas de ruas. Tudo tristemente imperfeito.

Seria bom demais para os governantes olhar um desses geomapas e neles ver as flechas se juntando como se fossem montanhas (e, contrapostos, vales) de problemas potenciais, com os rios representando a vazão dos elementos de conflito. Não temos nada disso, é claro, até porque ninguém pensou antes em fazer. Onde, num bairro, pipocarão presumivelmente os conflitos? Contando as pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) em seus ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo), quais delas guerrearão com quais outras, e cada conjunto com que outro? SE existem dados, se há informações, é possível trabalhá-las como matriz. Pela experiência do passado, quais as áreas propícias a confusões? Há um punhado de perguntas a fazer.

O Novo IPTU e o Mapa de Tensões S/E


 

                            Então, lá por 1988, no sindicato de nossa categoria, o Fisco, elaborei um anteprojeto que denominei Novo IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano, de competência das prefeituras), que apresentei ao até hoje vereador por Vitória, Stan Stein, e a várias pessoas, insistentemente. Se foi aproveitado não sei. Ele levava em conta área, quantidade de apartamentos e vários outros fatores que permitiriam, com o tempo e informações dos demais tributos, compilar uma rede gigantesca de dados (inclusive os da FIBGE, Fundação IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), para nos permitir começar a compreender os FLUXOS DE DADOS, os dados tratados como cártulas ou cartuchos, como venho pedindo.

                            Seguiríamos o modelo, com as suas classificações, por exemplo, as classes do TER (ricos, médios-altos, pobres e miseráveis), do labor (operários, intelectuais, financistas e militares, e burocratas no centro) e outras, digamos as várias bandeiras (a Bandeira Elementar é: ar, água, terra/solo, fogo/energia). Como é que as várias dependências (armazém, água potável, rede de esgotamento sanitário, telefone, bares, etc.) contribuem para o tensionamento? O que a geo-história mostra? Olhando para os milhares de exemplos da GH, o que podemos assumir como verdadeiro, em termos de causas e efeitos? A falta de esgotamento sanitário implica em crescimento de tensões? Muito pouco, pois o ES chegou a ter mais de 90 % das residências não ligadas a redes e nem porisso o povo se rebelou (não vá essa constatação ensejar aos governantes a falta de princípios de não proporcioná-las). A falta de salários, por outro lado, é um tensionador evidente. Mas, em que medida? As pessoas têm outras saídas. Entrementes as criaturas ficam inquietas com a ditadura, a opressão. Enfim, sob essa ótica de preparar os MT-S/E os conjuntos nunca foram realmente estudados. Não podemos apontar para o mapa da Grande Vitória e dizer se vai ou não surgir tal ou qual conflito, em qual lugar, nem, se fôssemos capazes, de dizer de que porte.

                            Em resumo, estamos completamente desaparelhados.

                            Porisso digo que os governempresas são primitivos, amadorísticos. Eles não têm realmente nenhuma capacidade de gerir. E nem levaram (ou se o fizeram nada me disseram) o Novo IPTU, que seria uma primeira tentativa, à frente.

                            É vexatório.

                           Vitória, segunda-feira, 25 de novembro de 2002.

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