Mapas de Tensões Socioeconômicas
Fico
imaginando olharmos um mapa e já sabermos onde estão ou poderiam estar surgindo
tensões sociais ou econômicas, de modo que pudéssemos agir com presteza,
esvaziando os bolsões antes que fiquem cheios demais e arrebentem com tudo, a
si mesmos e ao ambiente.
Na
verdade, precisaríamos de mapas psicológicos gerais:
1) Mapas psicanalíticos ou de figuras;
2) Mapas psico-sintéticos ou de objetivos
ou desejos ou vontades;
3) Mapas econômicos ou de produções;
4) Mapas sociológicos ou de organizações;
5) Mapas geo-históricos ou
espaçotemporais, que são esses de que conhecemos um lado, o geográfico, pela
cartografia, que é a Geografia baixa.
Em
particular MAPAS SOCIOLÓGICOS e MAPAS ECONÔMICOS. Os econômicos se subdividiram
em MAPAS AGROPECUÁRIOS/EXTRATIVISTAS, MAPAS INDUSTRIAIS, MAPAS COMERCIAIS,
MAPAS DE SERVIÇOS E MAPAS BANCÁRIOS. Você sabe, as Páginas Amarelas dos
catálogos telefônicos são mapas de palavras, trazendo os CT agora mapas de
ruas. Tudo tristemente imperfeito.
Seria bom
demais para os governantes olhar um desses geomapas e neles ver as flechas se
juntando como se fossem montanhas (e, contrapostos, vales) de problemas
potenciais, com os rios representando a vazão dos elementos de conflito. Não
temos nada disso, é claro, até porque ninguém pensou antes em fazer. Onde, num
bairro, pipocarão presumivelmente os conflitos? Contando as pessoas
(indivíduos, famílias, grupos, empresas) em seus ambientes (municípios/cidades,
estados, nações e mundo), quais delas guerrearão com quais outras, e cada
conjunto com que outro? SE existem dados, se há informações, é possível
trabalhá-las como matriz. Pela experiência do passado, quais as áreas propícias
a confusões? Há um punhado de perguntas a fazer.
O Novo IPTU e o Mapa
de Tensões S/E
Então,
lá por 1988, no sindicato de nossa categoria, o Fisco, elaborei um anteprojeto
que denominei Novo IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano, de
competência das prefeituras), que apresentei ao até hoje vereador por Vitória,
Stan Stein, e a várias pessoas, insistentemente. Se foi aproveitado não sei.
Ele levava em conta área, quantidade de apartamentos e vários outros fatores
que permitiriam, com o tempo e informações dos demais tributos, compilar uma
rede gigantesca de dados (inclusive os da FIBGE, Fundação IBGE, Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), para nos permitir começar a compreender
os FLUXOS DE DADOS, os dados tratados como cártulas ou cartuchos, como venho
pedindo.
Seguiríamos
o modelo, com as suas classificações, por exemplo, as classes do TER (ricos,
médios-altos, pobres e miseráveis), do labor (operários, intelectuais,
financistas e militares, e burocratas no centro) e outras, digamos as várias
bandeiras (a Bandeira Elementar é: ar, água, terra/solo, fogo/energia). Como é
que as várias dependências (armazém, água potável, rede de esgotamento
sanitário, telefone, bares, etc.) contribuem para o tensionamento? O que a
geo-história mostra? Olhando para os milhares de exemplos da GH, o que podemos
assumir como verdadeiro, em termos de causas e efeitos? A falta de esgotamento
sanitário implica em crescimento de tensões? Muito pouco, pois o ES chegou a
ter mais de 90 % das residências não ligadas a redes e nem porisso o povo se
rebelou (não vá essa constatação ensejar aos governantes a falta de princípios
de não proporcioná-las). A falta de salários, por outro lado, é um tensionador
evidente. Mas, em que medida? As pessoas têm outras saídas. Entrementes as
criaturas ficam inquietas com a ditadura, a opressão. Enfim, sob essa ótica de
preparar os MT-S/E os conjuntos nunca foram realmente estudados. Não podemos
apontar para o mapa da Grande Vitória e dizer se vai ou não surgir tal ou qual
conflito, em qual lugar, nem, se fôssemos capazes, de dizer de que porte.
Em
resumo, estamos completamente desaparelhados.
Porisso
digo que os governempresas são primitivos, amadorísticos. Eles não têm
realmente nenhuma capacidade de gerir. E nem levaram (ou se o fizeram nada me
disseram) o Novo IPTU, que seria uma primeira tentativa, à frente.
É
vexatório.
Vitória,
segunda-feira, 25 de novembro de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário