Fascismo Comteano
No livro As
Grandes Obras Políticas de Maquiavel a Nossos Dias, 4ª. Edição, Rio de
Janeiro, Agir, 1989, o autor, Jean-Jacques Chevalier, diz, p. 315, falando de
Comte (Isidore-Auguste-Marie-François-Xavier Comte, dito Auguste Comte, francês,
1798 a 1857, 59 anos entre datas): “Além disso,
supressão da liberdade da consciência individual contra essas crenças
positivas, uma vez estabelecidas. Consideração mais dos deveres que dos
direitos. Restauração do princípio de hierarquia e de autoridade, eliminação do
‘liberalismo’ sob todas as suas formas e, por conseguinte, do parlamentarismo,
‘suspensão equívoca’ na marcha das sociedades”, colorido meu.
Tomei
um susto quando li isso, porque é o programa do Partido Nazista (Nacional
Socialista) alemão, tal como ficou evidente:
·
Supressão
da liberdade DE CONSCIÊNCIA individual contra as crenças dos líderes,
·
Prestar
atenção aos deveres, não aos direitos,
·
Dominância
da hierarquia (chefia inconteste) e da autoridade (lei permanente, sem
retoques),
·
Eliminação
do liberalismo SOB TODAS AS SUAS FORMAS (qualquer conhecimento, enfim),
inclusive o direito a falar,
·
Suspensão
da dúvida na marcha civilizatória, ou seja, do questionamento.
Não é apenas
o programa fascista, é pior, muito pior, porque nem nos seus delírios mais
extremados os partidos fascistas pretenderam ir a ponto de cancelar
completamente a civilização sob todas as suas formas. Como é que foram atribuir
a Niezschte (Friedrich Niezschte, alemão, 1844 a 1900, 56 anos entre datas) se
a morte de Comte é de 1857 e o nascimento de Nietzsche é de 1844? Quando
Nietzsche estava com 18 anos, começando a perceber o mundo, Comte tinha morrido
há apenas cinco anos. Claramente o domínio de linha civilizatória é de Comte,
não de Nietzsche, e foi aquele que influenciou o nascimento do fascismo, não
este. A Barsa diz que Nietzsche é um filósofo incompreendido e agora eu
acredito piamente, porque vi com meus olhos. Claramente foi o francês e não o
alemão. Aliás, parece que os ingleses iniciam, os franceses copiam e põe seu
nome e os alemães imitam e ficam com a fama ruim.
E pensar que
foi esse camarada, o Comte, que deu ao Brasil o lema positivista Ordem e
Progresso, cravado na bandeira nacional.
Chevalier
acrescenta, mesma página: “Nesse comtismo, sob condições de abstrair-se da
religião, substituída pela ciência, de Deus, substituído pela Humanidade, a contra-revolução bem podia encontrar preciosos
elementos para o seu combate, dum ponto de vista inteiramente
‘positivo’. Política dita natural ou experimental, podia aliar-se à política
dita positiva”, colorido meu.
Mais que a
contra-revolução, o mais extremado direitismo ainda não atingiu as pretensões
de Comte. Cruz credo!
Vitória,
sexta-feira, 13 de dezembro de 2002.
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