sábado, 14 de janeiro de 2017


Entradas e Saídas de Filmes

 

                            Como sou um cinéfilo, presto muito atenção a tudo nos filmes. Diretor ou diretora, atores e atrizes, continuísmo, edição, roteiro, custo do filme, mensagem, todas as coisas mesmo. Não sou profissional, não fiz da minha observação condição de trabalho e ganho, não lucro nada, porisso não presto atenção total, pois não haveria objetivo.

                            Quanta atenção o conjunto do colegiado de confecção do filme, o conjunto do labor (operários, intelectuais, financistas e militares, e burocratas) empregou de esforço para dar consistência? Isso de marcas de vacina contra varíola na pré-história é de arrasar. Ou marca de aparelho ortodôntico no século XIX. Ou marca de biquíni quando nem se usava sutiã. Ou um microfone acima da cena. Todos esses desastres são de vexar qualquer espectador.

                            Contudo, não estou falando desse nível, que seria crítica primária, e sim das sutilezas. Das entradas e saídas dos filmes, como eles começam e terminam, quais as cenas de abertura e de fechamento. Quando é que o ator ou atriz principal entra em cena? É no primeiro momento, é com dez ou vinte minutos de trama? Tudo isso deveria contar numa planilha de quesitos. Não apenas prêmio por fotografia e desempenho, ou ao diretor, ou ao roteiro, como o Oscar faz, mas detalhes, a percepção de planos mais distantes. O modelo diz que há quatro planos de observação, fora o unitivo, central. O Oscar e os demais prêmios laureiam um segundo plano, que a indústria, melhor ainda, a socioeconomia cinematográfica percebe.

                            Falta isso dos letreiros, da apresentação dos créditos, dos detalhes. Faltam as análises da abertura e do fechamento. Do PERFIL DO FILME, se ele se conduz numa onda consistente, e de que tipo: clímax no começo, no meio ou no fim? Ninguém colheu material para uma observação ou um estudo comparado, tipo tese de mestrado ou doutorado. Não há estudo em livro, não há debates (ao que eu saiba), não há mostras que se fixem, digamos, nas entradas.

                            Enfim, o cinema também é ainda coisa de iniciante.

                            Talvez isso seja bom, porque teremos, mesmo passados cento e tantos anos, chance de começar de novo.

                            O que é uma boa entrada.

                           Vitória, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002.

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