Entradas e Saídas de Filmes
Como
sou um cinéfilo, presto muito atenção a tudo nos filmes. Diretor ou diretora,
atores e atrizes, continuísmo, edição, roteiro, custo do filme, mensagem, todas
as coisas mesmo. Não sou profissional, não fiz da minha observação condição de
trabalho e ganho, não lucro nada, porisso não presto atenção total, pois não
haveria objetivo.
Quanta
atenção o conjunto do colegiado de confecção do filme, o conjunto do labor
(operários, intelectuais, financistas e militares, e burocratas) empregou de
esforço para dar consistência? Isso de marcas de vacina contra varíola na
pré-história é de arrasar. Ou marca de aparelho ortodôntico no século XIX. Ou
marca de biquíni quando nem se usava sutiã. Ou um microfone acima da cena.
Todos esses desastres são de vexar qualquer espectador.
Contudo,
não estou falando desse nível, que seria crítica primária, e sim das sutilezas.
Das entradas e saídas dos filmes, como eles começam e terminam, quais as cenas
de abertura e de fechamento. Quando é que o ator ou atriz principal entra em
cena? É no primeiro momento, é com dez ou vinte minutos de trama? Tudo isso
deveria contar numa planilha de quesitos. Não apenas prêmio por fotografia e
desempenho, ou ao diretor, ou ao roteiro, como o Oscar faz, mas detalhes, a
percepção de planos mais distantes. O modelo diz que há quatro planos de
observação, fora o unitivo, central. O Oscar e os demais prêmios laureiam um
segundo plano, que a indústria, melhor ainda, a socioeconomia cinematográfica
percebe.
Falta
isso dos letreiros, da apresentação dos créditos, dos detalhes. Faltam as
análises da abertura e do fechamento. Do PERFIL DO FILME, se ele se conduz numa
onda consistente, e de que tipo: clímax no começo, no meio ou no fim? Ninguém
colheu material para uma observação ou um estudo comparado, tipo tese de
mestrado ou doutorado. Não há estudo em livro, não há debates (ao que eu saiba),
não há mostras que se fixem, digamos, nas entradas.
Enfim,
o cinema também é ainda coisa de iniciante.
Talvez
isso seja bom, porque teremos, mesmo passados cento e tantos anos, chance de
começar de novo.
O
que é uma boa entrada.
Vitória,
segunda-feira, 16 de dezembro de 2002.
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