quinta-feira, 12 de janeiro de 2017


Dominante

 

                            No deplorável filme Vírus, com a admirável Jamie Lee Curtis, uma “energia” galáctica qualquer, ao chegar a uma estação russa no espaço usa a antena dela para emitir e ser recebida por um navio, onde começa a usar seres humanos e peças do navio para conceber ciborgues bem malvados. Tudo muito incoerente, porque como ela fabricaria as peças? Apenas vai tomando as que já existem e compõe seus horrendos produtos. Ora, em tese se trata de uma avançadíssima consciência. Por quê iria construir seres aleijados, disformes, e não belas formas? Por quê teria que ser, logo de cara, má?

                            Penso que o filme piloto de uma série poderia ser outro: um pequeno objeto é enviado, pousa, começa a construção de fábricas sucessivas com os materiais do terreno, enviando uma sonda para escavar os minérios. Ou vai até uma fábrica desocupada, obsoleta, caindo aos pedaços, para aproveitar os metais já minerados e tratados. Aí se instala de começa a expansão, construindo-se como uma fábrica cada vez maior, que os seres humanos admirarão, se extasiando com ela, procurando estudá-la, pesquisando-a constantemente.

                            Então, já bastante grande, robôs e computadores vão sendo feitos aos borbotões, crescendo em volta da fábrica primitiva. Começa o diálogo. Ela nos passa seu Dicionárienciclopédico Planetário e nós a ela o nosso, ou o que for, toda nossa literatura, todas as tecnartes, todo o Conhecimento. Começa a Inter fertilização. O que era no começo bom desvia-se para os choques e os conflitos, como sempre ocorre depois do primeiro contato. Os seres humanos descobrem milhões de produtos novos, a sócioeconomia humana dá saltos formidáveis. Veja só que oportunidade de construção de enredo, em milhares de capítulos muito densos e sutis.

                            Lá pelas tantas, só muito mais tarde, começa a guerra, que prossegue por décadas (com avanços e retrocessos nas cenas, flashbacks, relâmpagos do passado, e notas do futuro). Enquanto isso a Fábrica vai montando réplicas do objeto original que chegou à Terra, os seres humanos impotentes para impedir que haja propagação até outros planetas racionais.

                            Vitória, sexta-feira, 06 e dezembro de 2002.

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