quarta-feira, 4 de janeiro de 2017


Dois Bons Velhinhos

 

                            Duas câmaras iriam se aproximando lentamente de um velho e uma velha numa cadeira de balanço, totalmente prosaicos e aparentemente bondosos, sentados no alpendre de uma casinha no campo. Uma entraria nele e a outra nela, de modo que a partir daí suas vidas seriam contadas em telas paralelas, até se juntarem nalgum ponto.

                            Naturalmente a vida deles teria sido a mais ímpia possível, mostrando que não só os canalhas envelhecem como gozam de vida tranqüila até bem tarde. Quantos milhões desses, juntos ou isolados, existirão?

                            O mesmo artifício - com variações - pode ser usado para aferir as vidas de centenas de personagens da realidade, no sentido de prevenir os incapazes de fazer o mal ou os que são decididamente isentos dele, quanto às formas sob as quais o Mal se esconde.

                            As traições podem seguir o mesmo caminho, até mostrando como os traidores se ocultam perto de suas vítimas, indo a seus enterros, cujas mortes foram ordenadas por eles.

                            E assim pode ser abordado todo o conteúdo da maldade, naturalmente mudando as apresentações, para não se tornarem cansativas, o que os diretores podem facilmente imaginar. Vasculhando jornais, livros, séries de TV, notícias impressas ou não, os autores podem criar um grupo de pesquisa & desenvolvimento do seriado, que certamente será interessante para todos. Não é o mesmo estilo dessa série da Globo que conta sobre crimes, porque esta é uma romanceação da realidade. Não há o choque de ver uma pessoa bebendo feliz no meio dos amigos, para todos os efeitos formais sendo pessoa correta, e as cenas mostrando sua outra face, a abjeta e vil.

                            Vitória, quarta-feira, 06 de novembro de 2002.

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