Dois Bons Velhinhos
Duas
câmaras iriam se aproximando lentamente de um velho e uma velha numa cadeira de
balanço, totalmente prosaicos e aparentemente bondosos, sentados no alpendre de
uma casinha no campo. Uma entraria nele e a outra nela, de modo que a partir
daí suas vidas seriam contadas em telas paralelas, até se juntarem nalgum
ponto.
Naturalmente
a vida deles teria sido a mais ímpia possível, mostrando que não só os canalhas
envelhecem como gozam de vida tranqüila até bem tarde. Quantos milhões desses,
juntos ou isolados, existirão?
O
mesmo artifício - com variações - pode ser usado para aferir as vidas de
centenas de personagens da realidade, no sentido de prevenir os incapazes de fazer
o mal ou os que são decididamente isentos dele, quanto às formas sob as quais o
Mal se esconde.
As
traições podem seguir o mesmo caminho, até mostrando como os traidores se
ocultam perto de suas vítimas, indo a seus enterros, cujas mortes foram
ordenadas por eles.
E
assim pode ser abordado todo o conteúdo da maldade, naturalmente mudando as
apresentações, para não se tornarem cansativas, o que os diretores podem
facilmente imaginar. Vasculhando jornais, livros, séries de TV, notícias
impressas ou não, os autores podem criar um grupo de pesquisa & desenvolvimento
do seriado, que certamente será interessante para todos. Não é o mesmo estilo
dessa série da Globo que conta sobre crimes, porque esta é uma romanceação da
realidade. Não há o choque de ver uma pessoa bebendo feliz no meio dos amigos,
para todos os efeitos formais sendo pessoa correta, e as cenas mostrando sua
outra face, a abjeta e vil.
Vitória,
quarta-feira, 06 de novembro de 2002.
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