terça-feira, 17 de janeiro de 2017


Doçura Oriental

 

                            Em O Cheiro de Papaya Verde, em Nenhum a Menos, em Minha Concubina, em Pavilhão de Mulheres, em Lanterna Vermelha e em muitos filmes orientais da China, do Japão, da Coréia, do Vietnam, da Índia e outros países vemos uma doçura, uma brandura no trato que não temos no cinema ocidental. Os orientais não se sentem menos másculos de passar tal candura, ao passo que nos filmes ocidentais em voga atualmente só vemos porradaria, sopapos, traições, morticínio, tiroteio infindável, dráculas, lobisomens, feiticeiros em guerra, roubos, pessoas drogadas, famílias desfeitas, ruína, pobreza, miséria das relações humanas, desvio de verbas, todo tipo de coisa horrível e deplorável.

                            Os orientais são delicados. Para começar os protagonistas nunca estão isolados da coletividade, pois existem e vivem num grande cenário. Os chineses e os indianos às vezes são gordos, mas os japoneses, os coreanos e os vietnamitas nunca ou quase nunca. Sempre magrinhos e alinhados. Todos são requintados, mesmo quando em pobreza. Se vestem com uma simplicidade e elegância tocantes. Os filmes são em sua maioria edificantes.

                            Parece que no ocidente o propósito geral é deprimir a gente, quando não é claramente (como nos cinemas francês e brasileiro) o de dar lições e educar-nos. E no cinema americano, fora Lagoa Azul (EUA, 1980), de quantos você se lembra em que há algum sentimento? Claro que há, estou apenas chamando sua atenção.

                            Os filmes ocidentais são pesadões, difíceis de carregar na alma, são depressivos, angustiantes, verdadeiras calamidades. Os orientais, pelo contrário, pelo menos os que chegam aqui, nos trazem sempre algum alento, alguma esperança, alguma idéia de que o futuro será melhor. Nossa alma rejubila, canta, vibra, remoça.

                            Vitória, domingo, 22 de dezembro de 2002.

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