Doçura Oriental
Em O Cheiro de
Papaya Verde, em Nenhum a Menos, em Minha Concubina, em Pavilhão
de Mulheres, em Lanterna Vermelha e em muitos filmes orientais da
China, do Japão, da Coréia, do Vietnam, da Índia e outros países vemos uma
doçura, uma brandura no trato que não temos no cinema ocidental. Os orientais
não se sentem menos másculos de passar tal candura, ao passo que nos filmes
ocidentais em voga atualmente só vemos porradaria, sopapos, traições,
morticínio, tiroteio infindável, dráculas, lobisomens, feiticeiros em guerra, roubos,
pessoas drogadas, famílias desfeitas, ruína, pobreza, miséria das relações
humanas, desvio de verbas, todo tipo de coisa horrível e deplorável.
Os orientais são
delicados. Para começar os protagonistas nunca estão isolados da coletividade, pois
existem e vivem num grande cenário. Os chineses e os indianos às vezes são
gordos, mas os japoneses, os coreanos e os vietnamitas nunca ou quase nunca.
Sempre magrinhos e alinhados. Todos são requintados, mesmo quando em pobreza.
Se vestem com uma simplicidade e elegância tocantes. Os filmes são em sua
maioria edificantes.
Parece que no
ocidente o propósito geral é deprimir a gente, quando não é claramente (como
nos cinemas francês e brasileiro) o de dar lições e educar-nos. E no cinema
americano, fora Lagoa Azul (EUA, 1980), de quantos você se lembra em que
há algum sentimento? Claro que há, estou apenas chamando sua atenção.
Os filmes ocidentais
são pesadões, difíceis de carregar na alma, são depressivos, angustiantes, verdadeiras
calamidades. Os orientais, pelo contrário, pelo menos os que chegam aqui, nos
trazem sempre algum alento, alguma esperança, alguma idéia de que o futuro será
melhor. Nossa alma rejubila, canta, vibra, remoça.
Vitória, domingo, 22
de dezembro de 2002.
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