Con/ver/gente
Quando
a ditadura militar brasileira começou a fazer as casas populares (que o povo
denominava “casas de pombos”), fez instalar mais ou menos nos centros
geométricos dos conjuntos grandes ou pequenos Centros Comunitários, que
constavam de uma construção no meio de uma praça, arborizada ou não.
As
construtoras, ganhando fortunas ao entregar casas pequenas e com material de
segunda ou terceira por dinheiro de primeira, faziam qualquer coisa e
praticamente “jogavam” em cima do povo, a título de integrador comunitário.
Como visava lucro, como não provinha do amor, como não tinha objetivo, poucos
iam, se iam, porque era “cada um por si e Deus por todos”, o velho ditado
popular da guerra geral, respeitada, em certa medida, a família.
Obviamente
nunca ou quase nunca funcionou a contento e muito menos com contentamento dos
moradores, para não dizer que não só não integrava como não servia a nenhum
tipo de progresso ou de desenvolvimento, os lemas positivistas da bandeira
brasileira.
Perdemos dinheiro,
tempo e nenhuma melhoria notável foi conseguida. As pessoas não convergiram e
certamente não formaram qualquer comunidade. O resultado, naturalmente, foi que
nunca houve uma verdadeira coletividade nos bairros das casas populares, os
“bairros BNH” (Banco nacional da Habitação, já extinto). Os sociólogos de merda
das empresas não obtiveram nenhum resultado organizativo naqueles bairros, que
se tornaram com o tempo local de proliferação de uma série de problemas, agora
crônicos, não sei se incuráveis. É nisso que dá (para o futuro grande agonia)
entregar coisas importantes a idiotas que acham que construir a melhor alma
humana é fácil.
Pelo
contrário, devemos ver assim como grafei: CON/VER/GENTE. Em primeiro lugar é
GENTE, não é bicho, e será gente tão alta quanto soubermos considerá-la, em
todos os sentidos. Depois, é VER, é falar, é trocar experiências de vida, é
construir, é melhorar, é tudo que está na expectativa das almas ou razões
humanas. Em terceiro lugar, é CON, junto, não-separado, é comunhão, é
integração dos pensamentos, dos sentimentos, dos prazeres de indivíduos, de
famílias, de grupos e até de empresas. Que os bobocas não vejam como uma grande
oportunidade nacional, estadual, municipal/urbana não é chocante para mim, mas
é motivo de grande tristeza, porque dada a capacidade de contemplação à
humanidade, vemos quão pouco uso a falta de consideração pelo próximo pode dar
a ela.
Não apenas
creio que ainda há tempo para reverter a situação como também que um grupo pode
tirar disso grandes lições, pelo quê de suporte tal conjunto de construções,
através de todos os espaçotempos, pode proporcionar aos governempresas, como
sustentação do porvir e do desenvolvimento geral.
Se sabemos
que a alma humana exige em sua construção as mais apuradas tecnociências e
Conhecimento em geral e se somos capazes de arregimentar na coletividade
aquelas pessoas com discernimento para valorizar ao máximo essa construção,
podemos facilmente erigir esses novos centros convergentes, transformadores do
país.
Vitória,
sexta-feira, 08 de novembro de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário