domingo, 1 de janeiro de 2017


Contaminação Biológica

 

                            No seu livro A Força do Conhecimento, São Paulo, EDUSP, 1981, p. 279, John Zimann diz: Eis a razão fundamental pela qual a pesquisa é financiada principalmente por grandes corporações ou pelo Governo, pois são essas as entidades que dispõe dos meios capazes de superar os limiares de um desenvolvimento tendente ao sucesso, por meio de suas grandes equipes de cientistas e engenheiros. As idéias básicas podem provir de indivíduos, e isso as torna baratas; mas a tecnologia em larga escala exige somas bastante vultuosas de capital de risco”.

                            O que isso tem a ver com a biologia?

                            Já explicarei.

                            No livro, na página anterior, ele mostra a “difusão do milho híbrido: áreas onde se semearam 10 % ou mais de seus milharais com as sementes híbridas, em determinados anos”, e mostra quadros com mapas dos EUA nos anos de 1936, 1938, 1940, 1944, 1946 e 1948, mostrando o rápido (pelos padrões geológicos, rapidíssimo) espalhamento humano das novas sementes. Tal espalhamento não é mais biológico/p.2, é psicológico/p.3, é racional, é artificial, não mais natural. É uma luta psicológica/p.3 pela sobrevivência do milho mais apto, com seleção pela inteligência e pela emoção humanas. Um novo ritmo, ampliado em várias ordens de grandeza, de espalhamento genético.

                            A Natureza usa tudo que é possível, ela não se prende a este ou àquele gosto ou preferência, vai com tudo mesmo. Assim sendo, na biologia/p.2 o espalhamento é tanto vertical, dentro da mesma espécie, quanto horizontal, dentro de espécies diferentes. Na vertical há a norma lenta do ADRN repetitivo, com mecanismo de correção, enquanto na horizontal os vetores viróticos e bacterianos transferem ADRN de espécie a espécie.

                            Como é que se dá esse espalhamento horizontal? Os pesquisadores estão começando a falar disso. Penso até que há certos estocadores preferenciais, algumas espécies que se dedicaram a acomodar o ADRN de todos e cada um, viesse de onde viesse, e que um desses pode ser o lírio do campo, que tem 30 bilhões de pares de nucleotídeos, com comparação com o ser humano, que tem um décimo, três bilhões de pares (lembre-se do que Jesus disse: “olhai os lírios do campo, eles não fiam nem tecem e, no entanto, nem Salomão, no alto de sua glória, se vestiu como um deles”).

                            Do mesmo modo no nível psicológico/p.3; a Natureza, também aqui, usa tudo que pode. As pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) transferem verticalmente, de pessoa a pessoa, as heranças psicológicas/p.3, no tempo, ao passo que os ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) transferem horizontalmente, no espaço. Ou seja, empresas injetam do passado para o futuro, governos o fazem no presente.

                            Essa é a razão verdadeira, mais de fundo – o projeto é tremendamente rápido, agora que engatou a marcha da racionalidade.

                            Vitória, sexta-feira, 11 de outubro de 2002.

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