domingo, 1 de janeiro de 2017


Conhecimento Máscara

 

                            No livro História da Filosofia, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990, os autores, Giovanni Reale e Daria Antiseri dizem, à p. 366: “Todas as coisas derivam das quatro qualidades que interagem entre si, como dissemos, mediante as suas faculdades originárias específicas (faculdades produtoras de calor, frio, seco e úmido). Mas cada organismo gera-se, desenvolve-se e vive por causa de uma série de atividades específicas. Essas atividades se desenvolvem segundo uma precisa regra da natureza que Galeno chama ‘Faculdade’. Essas faculdades são muitíssimas: por exemplo, a faculdade digestiva do estômago, a faculdade pulsante do coração e assim por diante”.

                            Se você pensa que é atraso medieval de Galeno (na realidade ele é de antes de 476, é médico grego, 131 a 201, 70 anos entre datas), lembre-se que as pessoas de hoje, século XXI, dizem ainda “propriedade ativa” de tal ou qual composto químico. E não são apenas leigos que falam em mais de quatro tipos de energia, está nos dicionários, sendo citados inúmeros tipos delas.

                            De verdade mesmo ninguém sabe o que é a energia, nem a matéria, só conhece suas propriedades e operações. Para saber o que é QUALQUER COISA, definitivamente, seria preciso estar na Tela Final, onde ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele, pode ver como uma coisa, a mais simples que há, liga-se a todo o universo. Uma caneta esferográfica, que é suposta simples, tem só na Terra 4,6 bilhões de anos.         

                            Todo Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) é máscara. É modelo, é estátua, é uma capa que rodeia a explicação final, o universal característico. Não sabemos o que é realmente o livro, pois a idéia de livro é progressiva. O desconhecimento, como a pobreza, a dependência e a igualdade, é que é absoluto, pois podemos TER FALTA de conhecimento, que é o des-conhecimento. Só de não ter já é absoluta falta daquilo. Se não conheço a teoria atômica da matéria, sou carente dela, estou em falta, aquela coisa é-me absolutamente desconhecida. Já o conhecimento nunca é completo; conhecer sobre os livros não é nem nunca será conhecer TUDO sobre os livros. Sendo o desconhecimento a absoluta falta de conhecimento, a pobreza a absoluta falta de riqueza, a dependência a absoluta falta de independência e a igualdade a absoluta falta de liberdade, devemos ver o conhecimento como relativo, como uma riqueza que não se completa nunca, como uma independência que nunca é total, como uma liberdade sempre imperfeita, exceto para ELI, na Tela Final.

                            Então, todo conhecimento é máscara, é hipótese de trabalho, mesmo aquilo que é chamado de “lei”. Só seria Lei mesmo se fosse proclamado como tal por ELI. O modelo que escrevi é uma máscara, a Ciência é máscara, tudo é máscara. Só os orgulhosos não sabem disso.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

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