Comunidade Mórbida
Veja só como nós passamos a gostar
de filmes de faroeste, de guerra, de tiroteio policial, de kung fu (com a
porradaria de sempre), de terremotos, de meteoritos que ameaçam destruir a
Terra (essa jóia raríssima!), ondas gigantescas que tudo submergiriam, monções
pavorosas, vulcões engolidores de comunidades inteiras, catástrofes,
lobisomens, vampiros, mortos-vivos e uma série de coisas repelentes e de nojeiras
pavorosas.
Passamos
a zombar do que denominamos filmes “água-com-açúcar”, por serem melosos demais.
Nem precisariam ser exagerados assim para continuarmos a depreciar.
Quando
é que nossa comunidade municipal/urbana, estadual, nacional e mundial passaram
a comportar-se com tal morbidez? Quando é que começamos a esquecer a mensagem
admirável da felicidade para cair na autocomiseração, na auto depreciação, na
ausência mais absoluta de esperança? De onde vem tão destrutivo princípio da
morte, Tanatos? Porque ele invadiu a indústria cinematográfica com tanta fúria,
tanta violência a ponto de quase não haver espaço para mais nada? Não precisa
ser aquela coisa piegas, só que fossem discussões sérias de tantos assuntos que
podemos abordar. Está certo que uma coisa alimente a outra e as drogas venham a
ser tanto efeito quanto causa de tais distúrbios imaginativos, mas nem porisso
esperaríamos que não houvesse contestação, enfrentamento.
Como
é que tal enfermidade socioeconômica se apoderou de nós? Qual foi a sua gênese
e em que ritmo deu-se seu espalhamento nos conjuntos? Onde foi o foco de tal
negatividade absoluta? Essas investigações dos pesquisadores nos ensinarão a
amadurecer para além da simples destrutividade infantil da civilização
presente.
Vitória,
segunda-feira, 09 de dezembro de 2002.
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