Colégio das Doações
Como
já disse, os que pretenderem doar não devem fazê-lo sujeitando-se à claque dos
enganos e das traições, dos aproveitadores, dos vermes que tomam o dinheiro dos
outros. Devem fazê-lo interpondo investigações, o que pressupõe organização ou
sociologia. Governos e empresas não devem institucionalizar as doações, isso
seria tremendamente errado; mas podem perfeitamente, já que a coisa ocorrerá de
um jeito ou de outro (2,5 % das pessoas, no mundo atual 150 milhões, desejarão
impulsivamente doar qualquer coisa, e outros 47,5 % estarão propensos, com
maior ou menor anseio), instituir regras, inclusive legais, para balizar essas
doações.
Por
exemplo, criando os CD, escolas mesmo, até universidades, em que o ato de doar,
de dar, de ceder o que é seu por tal ou qual motivo, seja estudado e amparado.
Antes
de tudo devemos ver que há dois modos de doar: 1) o ato da caridade, que é o
“dar o que tem sem saber a quem”, que é sem propaganda, que é legítimo, que é
escondido, que é simples e maravilhoso, que é autêntica renúncia, e 2) a
solidariedade, que é suja, que é porca, que é publicidade, que é
autocongratulação destinada ao inferno, como aquela que fazem esses artistas,
estampando seus nomes na mídia e com isso recebendo seu detestável pagamento,
que vem da sujeição alheia via agradecimento.
Esse
segundo modo merece castigo, porisso não vou tratar dele, e sim da proteção dos
verdadeiros doadores, que vão fazê-lo interpondo uma linha de desconhecimento
entre doador e recebedor. A entidade doadora que os representar tratará de
protegê-los da curiosidade alheia. Essa proteção diz respeito à correta
aplicação dos recursos, impedindo-se e bloqueando-se a qualquer custo a
penetração dos trambiqueiros. Não cuido dos outros, eles que se danem.
Para
os puros, toda proteção. Os governempresas devem instituir instrumentos de
cessão dos legados, colégios cuja pedagogia seja adequada aos impulsos daqueles
2,5 %, os quais não devem ser sujeitos a chacotas e deboches.
Vitória,
sexta-feira, 10 de janeiro de 2003.
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