segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


Casa dos Avós

 

                            Quando a gente é criança e avó e avô estão vivos, os pais distam de 20 a 30 anos, os avós de 40 a 60, de forma que aos nossos 10 anos vão corresponder pais e mães com 30 a 40, avós e avôs com 50 a 70 – há um fosso grande. Se calhar de termos bons pais e mães e bons avôs e avós, podemos ser bem felizes. Se as avós e os avôs moram no campo, em algum distrito onde os netos são soltos sem qualquer preocupação dessas “modernas” de rapto, de malícia, tiroteio e todas essas coisas detestáveis de agora, então podemos ser extraordinariamente felizes, como foi a minha geração em Burarama, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, a década dos 1950 e 1960.

                            Neste mundo atual, que está ficando cada vez mais esquisito, urge os governempresas instalarem a Casa dos Avós, como um departamento importante do Ministério do Interior, de tal modo que elas proliferem aos milhares (são 5,5 mil municípios, talvez, 10 x 1, uns 60 mil distritos e bairros), de modo que há bastante serviço a ser feito, colocando-se somente velhos e velhas (que teriam então uma renda adicional, digamos de um salário mínimo cada, para ajudar na compra dos remédios e várias pequenas coisas), dando-lhes trabalho e às crianças felicidade de ter a sabedoria da idade por perto. Claro, seleção cuidadosa dos bem-humorados é fundamental.

                            Toda uma pedagogia da convivência deve ser trabalhada, para aprimorar o amor natural daqueles que sabem dá-lo. Casas no campo ou nos espaços (limites + X km) padronizados das periferias das cidades devem ser construídas, num padrão nacional de qualidade adaptada às características locais.

                            Vitória, terça-feira, 17 de dezembro de 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário