A Sesta Mexicana
Durante
séculos os mexicanos dormiram logo após ao almoço, nas duas horas mais quentes
do dia, quando a temperatura por lá chega aos 40º C ou mais à sombra, como
também no Rio de Janeiro. O Brasil seguiu essa prática ibérica em várias partes
do país e ela ainda subsiste em grotões do Nordeste e mesmo no ES. Meu pai
dormia sempre depois do almoço e meu irmão assassinado, Ary José Gava, fazia-o
também fechando o comércio em Linhares, ES, de meio-dia às duas horas.
Durante
esses mesmos séculos os anglo-saxões, especialmente os americanos, sempre tão
espertos, zombaram da prática, debocharam, tripudiaram com gosto, até o momento
em que agora as empresas mais avançadas” dos EUA estão admitindo não apenas
essa dormidinha pós-almoço como também até cedendo espaço e colchões.
Compreenderam que a interrupção do ritmo acelerado e abusivo de trabalho
contribui para a recuperação do bom humano e para maior produtividade geral. As
pessoas rendem mais depois, já que estão descansadas e alegres. Reina a paz.
Porque não prestaram atenção antes? Foi porque julgavam o México bobo e incapaz
de ensinar qualquer coisa ao gigantes do Norte. Feita pelos americanos a siesta
ou sesta parece avançada e exportável. O mundo todo acabará por adotá-la.
Chamei
a isso “paralisar a vida”, interromper o ritmo, que lança o corpo numa
retroalimentação positiva cujo desfecho é o estresse.
Deveria
ser amplamente reimplantada no Brasil, mas agoraqui ao ritmo dos brasileiros,
como controle da hora do rush (da pressa), em diferentes pontos, até na entrada
da noite, quando todos estão correndo para casa – antes de enfrentar filas, até
de entrar os ônibus para enfrentar engarrafamentos. Arranjar tarefas
intermediárias de conversação sobre os problemas das empresas e das demais pessoas
(grupos, famílias, indivíduos), praças onde estar, deslocar os trabalhos,
começar mais tarde e terminar mais tarde, começar mais cedo e terminar mais
cedo, trabalha das 16:00 para frente até de madrugada, procurando driblar a hora de pico. Há milhões de
arranjos a fazer. Haverá gente que desejará trabalhar aos domingos, aos
sábados, nos feriados, a partir da tarde, só de manhã, mas começando bem cedo),
as empresas que desejarem poderão ser bem flexíveis e muito mais sadias.
Vitória,
sábado, 07 de dezembro de 2002.
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