quarta-feira, 11 de janeiro de 2017


A Sesta Mexicana

 

                            Durante séculos os mexicanos dormiram logo após ao almoço, nas duas horas mais quentes do dia, quando a temperatura por lá chega aos 40º C ou mais à sombra, como também no Rio de Janeiro. O Brasil seguiu essa prática ibérica em várias partes do país e ela ainda subsiste em grotões do Nordeste e mesmo no ES. Meu pai dormia sempre depois do almoço e meu irmão assassinado, Ary José Gava, fazia-o também fechando o comércio em Linhares, ES, de meio-dia às duas horas.

                            Durante esses mesmos séculos os anglo-saxões, especialmente os americanos, sempre tão espertos, zombaram da prática, debocharam, tripudiaram com gosto, até o momento em que agora as empresas mais avançadas” dos EUA estão admitindo não apenas essa dormidinha pós-almoço como também até cedendo espaço e colchões. Compreenderam que a interrupção do ritmo acelerado e abusivo de trabalho contribui para a recuperação do bom humano e para maior produtividade geral. As pessoas rendem mais depois, já que estão descansadas e alegres. Reina a paz. Porque não prestaram atenção antes? Foi porque julgavam o México bobo e incapaz de ensinar qualquer coisa ao gigantes do Norte. Feita pelos americanos a siesta ou sesta parece avançada e exportável. O mundo todo acabará por adotá-la.

                            Chamei a isso “paralisar a vida”, interromper o ritmo, que lança o corpo numa retroalimentação positiva cujo desfecho é o estresse.

                            Deveria ser amplamente reimplantada no Brasil, mas agoraqui ao ritmo dos brasileiros, como controle da hora do rush (da pressa), em diferentes pontos, até na entrada da noite, quando todos estão correndo para casa – antes de enfrentar filas, até de entrar os ônibus para enfrentar engarrafamentos. Arranjar tarefas intermediárias de conversação sobre os problemas das empresas e das demais pessoas (grupos, famílias, indivíduos), praças onde estar, deslocar os trabalhos, começar mais tarde e terminar mais tarde, começar mais cedo e terminar mais cedo, trabalha das 16:00 para frente até de madrugada,               procurando driblar a hora de pico. Há milhões de arranjos a fazer. Haverá gente que desejará trabalhar aos domingos, aos sábados, nos feriados, a partir da tarde, só de manhã, mas começando bem cedo), as empresas que desejarem poderão ser bem flexíveis e muito mais sadias.

                            Vitória, sábado, 07 de dezembro de 2002.

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